ANDREZZA TRAJANO
MANAUS, AM (FOLHAPRESS) – O Tribunal de Contas de Roraima considerou legal a decisão da governadora Suely Campos (PP) de nomear filhas, irmãos, sobrinhos e primos para cargos de primeiro escalão do seu governo.
Para o tribunal, as nomeações são de natureza política, não sendo consideradas casos de nepotismo.
Ao menos 12 parentes de Suely foram empossados no início do governo, com salários que variam entre R$ 16 mil e R$ 23 mil, em cargos de primeiro e segundo escalões.
São secretárias de Estado duas filhas da governadora: Danielle Campos (chefe da Casa Civil) e Emília Campos (Trabalho e Bem-Estar Social), uma irmã da governadora, Selma Mulinari (Educação), além de dois sobrinhos, Kalil Linhares (Saúde) e Fred Linhares (Administração).
O TCE, porém, considerou ilegal a nomeação de parentes em outros cargos, como secretários-adjuntos e diretores. Só poderão permanecer no governo, segundo a decisão, os indicados que sejam servidores de carreira.
O tribunal não informou quantos parentes da governadora devem ser exonerados.
O Ministério Público de Contas de Roraima afirma que analisa mais de cem nomes de servidores públicos que teriam alguma relação de parentesco com a governadora, filhos dela ou entre si.
“O STF deixa bem claro que não há impedimento em nomear parentes em primeiro escalão do governo, desde que se obedeça aos princípios de razoabilidade e proporcionalidade. Não há um número exato de quantas pessoas podem ser nomeadas, mas não se pode nomear dez”, ponderou o procurador-geral de Contas, Paulo Sousa.
Sousa também citou o caso do secretário de Justiça e Cidadania, Josué Filho, que é casado com a secretária-adjunta de Educação, pai do Ouvidor-Geral e sogro da Controladora-Geral do Estado.
O secretário de Comunicação do Governo de Roraima, Ivo Gallindo, disse que “a governadora Suely Campos recebe a decisão do Tribunal de Contas com muita tranquilidade, e, tão logo seja notificada, irá cumpri-la”.
TAMBÉM É INVESTIGADO
O conselheiro Marcus Hollanda, que deu a palavra final sobre casos de nepotismo no Governo de Roraima ficou mais de dois anos afastado da Corte por suspeita de envolvimento no caso que ficou conhecido como “Escândalo dos Gafanhotos”.
A suposta fraude, ocorrida na gestão do ex-governador Neudo Campos (PP), marido de Suely, tratava de um esquema de funcionários fantasmas no governo.
Hollanda responde pelo crime de peculato, sendo suspeito de ter usado de influência para indicar funcionários fantasmas no governo. Procurado por meio de sua assessoria, ele não falou sobre o assunto.