SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Um relatório divulgado nesta quinta-feira (19) pelo instituto Pew Research Center mostra que a internet é vista como benéfica para a educação ao mesmo tempo em que maléfica para a moral pela maior parte da população de países emergentes. O estudo compreende 32 países em desenvolvimento, incluindo o Brasil (onde 51% usam a internet, segundo a pesquisa), e foi realizado entre 17 de março e 5 de junho do ano passado. Foram entrevistadas 36,6 mil pessoas presencialmente. No país, 65% dos entrevistados disseram considerar a rede como benéfica para a educação (a média foi de 64%), e 39% veem influência negativa em relação à moral (enquanto grande parte acha que é indiferente e poucos consideram positiva nesse sentido). Isso sugere que os entrevistados veem na rede um potencial meio de execução ou de estímulo a atitudes pouco nobres ou repreensíveis. Apesar de o relatório não esmiuçar o tema da moral, o dado poderia ser interpretado como resultado de práticas como a presença de cyberbullying e da difusão de material privado sem permissão, pirataria e crimes como pornografia infantil e venda de drogas ou publicação de ideias que podem ser consideradas pecaminosas ou perigosas por, por exemplo, religiosos ortodoxos. A visão da rede é geralmente otimista, com a maioria dos brasileiros considerando a internet positiva também para relacionamentos pessoais (55%), para a economia (58%) e para a política (52%). Essas fatias praticamente não diferem drasticamente das dos demais países no estudo: são respectivamente de 53%, 52% e 36%. No geral, os usuários de internet (44% do total, ante 87% nos EUA, a título de comparação) veem a influência da rede sob uma ótica mais positiva que os que não a usam. Pessoas com maior nível de educação formal também veem a internet de maneira mais positiva. USO DA REDE O extenso estudo (que pode ser acessado por meio deste link, em inglês) mostra certa discrepância entre o Brasil e demais Brics na fatia de usuários de celular que possuem smartphone em vez de um aparelho básico. Por aqui, 24% dos entrevistados têm um telefone inteligente -menos de um terço dos 87% que possuem celular-, mesma fatia que a média do universo do estudo, superior aos 14% da Índia e inferior aos 33% da Rússia, dos 34% da África do Sul e dos 55% da China. Entre todos os entrevistados, 84% têm celular, principal ferramenta de acesso à internet (só 38% têm computador em casa, ante 80% nos EUA; no Brasil, são 55%). O Chile destaca-se como país mais “avançado” no uso de smartphones, com taxa de possessão de 58%. O pertencimento a faixas etárias mais baixas e o conhecimento da língua inglesa são fatores que têm forte correspondência com o uso da internet. Outra correlação encontrada pelo relatório é a da renda per capita com a taxa de uso da internet. Argentina, Chile e Rússia, por um lado, possuem PIB por habitante e capilaridade da rede mundial altos, em oposição a Índia, Paquistão, Bangladesh e Tanzânia, com o cenário oposto. O Brasil fica mais ou menos no centro do espectro, com PIB per capita de US$ 15 mil e 51% dos habitantes usando a internet. Pontos fora da curva são a China, com PIB per capita baixo para a taxa de acesso (US$ 11,8 mil e 63%) e a Malásia num cenário contrastante (55% de uso de internet e PIB per capita de US$ 23,2 mil).