O dia 2 de abril foi instituído pela ONU como o Dia Mundial de Conscientização do Autismo. O transtorno acomete cerca de 1% da população brasileira, mas ainda é muito desconhecido pela população e até por parte da classe médica. Para ajudar na conscientização do problema, a Associação União de Pais pelo Autismo (Uppa) desenvolve nesta semana diversas ações para divulgar e desmistificar o transtorno.
As primeiras delas aconteceram ontem, em Curitiba. Pela manhã, pais da associação levaram flores aos médicos e outros profissionais da saúde que atendem crianças com autismo e suas famílias de forma voluntária no Centro de Neuropediatria do Hospital de Clínicas (CENEP).
De noite, o artista curitibano Fúlvio Pacheco realizou uma intervenção artística com pintura com o tema autismo nas paredes de vidro do Café Terra Verdi, localizado no Shopping Itália. Fúlvio é quadrinista, autor de revistas em quadrinhos e idealizador e coordenador do projeto EduCultura, da Secretaria Municipal de Educação. E é pai de um garoto com autismo.
As ações fazem parte do movimento mundial Light it up blue, ou Acenda a luz azul, para chamar a atenção para o transtorno que, apesar de sua gravidade, ainda é muito pouco diagnosticado. Em Curitiba a estufa do Jardim Botânico e a torre da RPCTV devem ser iluminadas de azul.
Sintomas — Os três principais sintomas do autismo são problemas com a linguagem, na interação social e no comportamento (que é restrito e repetitivo). Estes comportamentos frequentemente são confundidos com outros transtornos, o que vem dificultando o diagnóstico correto.
Como não existe um tratamento padrão para o transtorno, cada paciente diagnosticado exige um projeto terapêutico individualizado, respeitando suas necessidades e deficiências.
Além disso, pesa o desconhecimento sobre o autismo. Já foi pior, mas ainda temos muito que avançar, inclusive com a classe médica, que ainda demora para fazer um encaminhamento correto, diz a presidente da Uppa, Adriana Czelusniak.

O que é autismo?
É um transtorno do desenvolvimento, chamado de Transtorno do Espectro Autista (TEA), cujos sinais surgem antes dos três anos de idade. Os três principais sintomas são: problemas com a linguagem, na interação social e no comportamento (que é restrito e repetitivo)

Incidência
O autismo atinge mais os meninos, com uma proporção de cerca de cinco casos entre eles para um entre meninas. Estima-se que em cada 88 nascimentos, ao menos um bebê apresente algum grau de autismo

Diagnóstico
A identificação precoce precisa ser feita o mais depressa possível para que crianças com autismo possam ter acesso a ações e programas de intervenção com melhores resultados. Os casos em que há suspeita de autismo na infância devem ser analisados principalmente por neuropediatras ou psiquiatras infantis

Família
O cuidado da pessoa com autismo exige da família extensos e permanentes períodos de dedicação, o que prejudica o trabalho, o lazer e até os cuidados da saúde de membros da família. Isto significa que pais e cuidadores também precisam de espaços de escuta e acolhimento, de orientação e de cuidados terapêuticos

Adultos com autismo
Ainda que a intervenção precoce e intensiva traga imensos ganhos para o indivíduo com autismo e suas famílias, muitas das dificuldades vividas os acompanham até a vida adulta. No caso do adulto ou idoso, o foco do atendimento deve se voltar à integração e acesso aos serviços, à comunidade, à inserção no mercado de trabalho e ao lazer, visando o máximo de autonomia e independência nas atividades da vida cotidiana

Fonte: União de Pais pelo Autismo (Uppa) com Manual de Diretrizes de Atenção à Pessoa com Transtornos do Espectro do Autismo (TEA), do Ministério da Saúde

Sinais

Confira características comuns em crianças com autismo

Motores
F Correr de um lado para o outro, bater palmas ou chacoalhar as mãos para cima e para baixo (movimento chamado de flapping)

F Têm ações atípicas repetitivas, como alinhar/empilhar brinquedos, observar objetos aproximando-se muito deles, prestar atenção exagerada a certos detalhes de um brinquedo

F Dificuldade de se aninhar no colo dos cuidadores ou extrema sensibilidade em momentos de desconforto

Sensoriais
F É comum o hábito de cheirar ou lamber objetos; sensibilidade exagerada a determinados sons (como liquidificador ou secador de cabelos), insistência visual em detalhes de objetos ou naqueles que têm luzes que piscam e/ou emitem barulhos, bem como nas partes que giram (como ventiladores)

Rotinas
F Há tendência a rotinas ritualizadas e rígidas e as mudanças podem desencadear crises de choro, gritos ou manifestações intensas
Algumas crianças, por exemplo, só bebem algo se usarem sempre o mesmo copo; outras exigem que os alimentos estejam dispostos no prato sempre da mesma forma. Ou querem sentar-se sempre no mesmo lugar ou assistir apenas a um mesmo DVD

Fala
F Muitos repetem palavras que acabaram de ouvir, imitam falas ou slogans/vinhetas que ouviram na televisão sem sentido contextual

F Pode haver características peculiares na entonação e no volume da voz

F Algumas crianças com autismo deixam de falar e perdem certas habilidades sociais já adquiridas entre um e dois anos de idade de forma gradual ou súbita

F Dificuldade de encontrar formas de expressar diferentes sentimentos, preferências e vontades