Diante de tantas araras lotadas de ovos de chocolates de diversos modelos e sabores com tantos brindes por todos os lados, fica difícil imaginar que exista um movimento por uma Páscoa menos consumista e de mais reflexão, como aquelas do passado, quando pintar a casquinha de ovo e colocar amendoim dentro era o ápice da festa. Mas este movimento não só existe, como cresce a cada ano e não serve só para a Páscoa, mas para o Dia das Crianças, para o Natal e para os valores do dia a dia das crianças. Este movimento está nas escolas, nas famílias e na internet.

Para a diretora da Interpares Educação Infantil, Dayse Campos, já estava em tempo de inverter a onda de consumismo. É quase impossível, ir ao mercado sem tropeçar em ovo de chocolate com brinquedo. É difícil não ser envolvido com mensagens de páscoa que nos remetem a compras e consumo, mas é possível, diz ela. Convencer sobre a importância da Páscoa é um trabalho de formiguinha, mas é possível sensibilizar as crianças sobre o significado da data, diz ela. A professora de artes da escola, Magda Pinheiro, lembra que é com as crianças que começa a mudança da sociedade: Basta ter vontade, comprometimento na formação de seres mais conscientes, que saibam o porquê dos acontecimentos em uma sociedade.

Na terça-feira, os alunos da Interpares fizeram um teatro com objetos e uma ceia com pão australiano para estimular também o conhecimento de outros sabores e suco de uva. Ensinamos às crianças que o pão significa vida e que é preciso falar das coisas boas que acontecem nas nossas vidas. Então, todos os professores pegaram um pedaço de pão e agradeciam a vida das pessoas, as brincadeiras da Escola. Depois tomaram suco de uva e pediam perdão por suas falhas, por não cumprir determinados combinados. Depois foi a vez das crianças que repetiram o que viram feito pelos adultos. Isso não tem a ver com religião, tem a ver com o símbolo da Páscoa, conta Dayse.

Ontem, foi a vez de as professoras voltarem no tempo em que o melhor da Páscoa eram as casquinhas de ovos pintadas com confeitos dentro e junto com as crianças e os pais construírem uma Páscoa mais simples, porém muito mais participativa. Eles querem aprender, começam a ouvir histórias de Coelho. Ou os avós e pais dizem o coelhinho passou por aqui. Eles querem saber, querem entender o lugar deles nesse mundo. Porque essas coisas acontecem. Eles ficam alegres em poder contar para os pais o que estão aprendendo. E quando ouvem a palavra päscoa, eles sabem o que significa. E quem conhece a verdade, dificilmente é enganado seja por uma onda consumista, seja por outras coisas, diz Dayse.