SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Uma multidão de fiéis acompanhou nesta sexta-feira (3) a encenação da Paixão de Cristo, em Planaltina (DF), a cerca de 45 quilômetros de Brasília. A via-sacra é considerada uma das mais tradicionais do país. As informações são da Agência Brasil.
Pontualmente, às 16h, personagens romanos devidamente caracterizados iniciaram a subida ao morro da Capelinha. Neste ano, a organização do evento calculou que compareceram 150 mil pessoas. A chuva não desanimou os fiéis.
Cada um teve uma história e um motivo para participar da encenação. O mecânico José Ricardo dos Santos e Maria Luiza dos Santos integram o público cativo. Há 20 anos participam da encenação. “Já conseguimos muitas graças aqui. Neste ano, viemos só agradecer”, diz Maria Luiza.
Em meio à crise financeira no Distrito Federal, esta foi a via-sacra escolhida para receber o financiamento do governo. Segundo a organização do evento, foram repassados para o evento R$ 500 mil, valor inferior aos repasses anteriores. No ano passado, a encenação recebeu R$ 1,4 milhão. Para contornar a falta de verba, foram usados os mesmos cenários e fantasias do ano passado.
“A novidade que nós temos é a falta de dinheiro, que nos pegou de surpresa. Mas, graças a Deus, o grupo de uniu muito”, diz a coordenadora geral da via-sacra, Maira Vieira. Segundo ela, o evento contou com 1,1 mil atores e mais 300 pessoas na equipe técnica. O grupo contou com a ajuda dos fornecedores, que fizeram preços especiais. “A gente se organizou, fez os ensaios, queremos que dê tudo certo”, diz.
Houve quem viesse de longe: Nazarire Bakolian, veio de Burkina Faso. Ele é missionário da Igreja Católica e, pela primeira vez, está no país. “É importante participar da via-sacra, é uma reafirmação de um compromisso que Jesus fez conosco. Vim pedir pela união das famílias”, diz.
Sebastiana dos Santos também tem um pedido especial: saúde para a mãe. Ela veio de Santa Maria da Vitória (BA) para visitar a família no DF. Para ela, pedido feito na Sexta-Feira Santa tem mais chance de ser alcançado. “A caminhada toda é uma penitência, já vamos com o pensamento ligado a Deus”, diz. E acrescenta: “Temos essa tradição na Bahia, de festejar as vias-sacras. Onde eu estiver, eu procuro uma e gosto de estar presente”.
Os fiéis percorreram 14 estações até o alto do morro da Capelinha. Em cada uma, uma parada para recordar uma passagem da Bíblia, desde a prisão até a morte e ressurreição de Cristo.