DIANA BRITO
RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – Quatro anos após 12 crianças serem mortas assassinadas por um ex-aluno na escola municipal Tasso da Silveira, em Realengo, zona oeste do Rio, parentes e amigos das vítimas participaram nesta terça-feira (7) de uma missa em que protestaram pela falta de segurança e diálogo contra o bullying nos colégios.
“A mídia acabou, mas a dor continua e nada foi feito pela segurança das crianças nas escolas. A segurança é Deus. Isso precisa mudar com pelo menos um guarda municipal por unidade para acompanhar quem entra e quem sai dali para evitar tragédias como essas”, lamentou emocionada Maria José do Monte Silva, 52, mãe de Larissa Silva Martins, 13, morta no ataque.
Adriana Silveira, presidente da associação dos pais das vítimas e mãe de Luiza Paula Silveira Machado, 14, outra vítima do massacre, disse que a prefeitura preparava uma homenagem para as crianças com esculturas em bronze com o tamanho natural delas, mas o evento não aconteceu porque a praça onde as estátuas ficariam, na esquina da rua Piraquara com avenida Santa Cruz, perto da escola, está em péssimo estado de conservação. Os pais querem que antes o local seja reformado.
“Queremos a reforma da praça, mas eles dizem que não dá para fazer. Esses meninos não eram qualquer um. Queremos que sejam lembrados porque estavam onde toda criança deve estar: na escola. Por isso, não queremos os monumentos em qualquer lugar”, disse Adriana Silveira.
A mãe destacou ainda que será lançada na noite desta terça, no Cristo Redentor, a campanha “Todos juntos contra o bullying”. “Faremos um concurso de redação e frases para o ensino fundamental e médio de todas as escolas. Isso porque o bullying teve uma contribuição muito grande nessa tragédia”, lembrou. A campanha não conta com o patrocínio da prefeitura.
No dia 7 de abril de 2011, o ex-aluno Wellington de Oliveira entrou na escola dizendo que ia dar uma palestra e atirou contra as crianças. Após ser atingido por um policial, se matou com um tiro. O atirador fez mais de 60 disparos e recarregou arma 9 vezes
Vítimas e parentes de outras pessoas assassinadas também estiveram com os familiares das crianças mortas em Realengo. Tetraplégica depois de ser atingida por uma bala perdida, Luciana Novaes lamentou a nova tragédia em uma escola de Brasília. “As escolas estão carentes de atenção do governo em todo o país. A polícia também precisa de um preparo maior”, ressaltou.
Tânia Lopes, 59, irmã do jornalista assassinado Tim Lopes, em 2002, também esteve no local. “São situações tão impactantes que a nossa indignação também fica ameaçada. Não podemos deixar que isso caia no esquecimento”, disse.