Começa a valer a partir de junho o Regulamento Técnico da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) que estabelece os requisitos para a declaração obrigatória, na rotulagem de alimentos embalados, das fontes reconhecidas por causarem alergias ou intolerâncias alimentares em pessoas sensíveis.

Entre outros itens, a resolução prevê que os alimentos que contenham aditivos alimentares, coadjuvantes de tecnologia ou matérias-primas derivados das fontes reconhecidas por causarem alergias ou intolerâncias alimentares, independentemente da quantidade, devem trazer a declaração: Alérgicos: Contém (nomes das fontes) ou Alérgicos: Contém derivados de (nomes das fontes), conforme o caso.

Segundo dados mostrados na Cartilha de Alergia Alimentar, uma pesquisa desenvolvida na Unidade de Alergia e Imunologia do Instituto da Criança do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC-FMUSP), em 2009, mostrou que 39,5% das reações alérgicas estavam relacionadas a erros na leitura de rótulos dos produtos. Outra pesquisa, realizada nos Estados Unidos em 2005, revelou que 16% das reações alérgicas durante a dieta de exclusão ocorriam em função do não entendimento de um termo listado entre os ingredientes, e 22% pela presença de componentes alergênicos não listados nos rótulos.

Myrna Campagnoli, endocrinologista e médica integrante do corpo clínico do Laboratório Frischmann Aisengart, explica que as alergias alimentares se devem a respostas imunológicas exageradas contra um determinado agente alimentar, ou seja, é como um serviço de vigilância do corpo, protegendo contra infecções e substâncias nocivas.

A alergia pode provocar sintomas na pele (coceira, urticária, inchaço), no sistema respiratório (tosse, chiado no peito) e gastrointestinal (náusea, vômito e diarreia). Em alguns casos a reação pode ser muito severa, podendo levar até à morte. Se a alergia for muito severa, ela pode causar alteração na pressão arterial e arritmias cardíacas. Isso pode levar à paralisação dos órgãos vitais, causando um choque anafilático, que obstrui as vias aéreas. Se esta reação extrema não for tratada prontamente, com medicamentos de emergência e encaminhamento ao hospital, pode resultar em óbito, afirma a Dra. Myrna.

Segundo a endocrinologista, qualquer alimento pode desencadear uma reação alérgica, porém alguns são mais frequentes, como leite de vaca, ovos, soja, amendoim, nozes e crustáceos. O potencial de alergenicidade depende, em grande parte, da constituição do alimento, mas também por fatores genéticos e imunológicos da própria pessoa ou da exposição prévia (ou falta dela) ao agente alergênico, afirma a médica.

Muitas pessoas confundem a alergia com a intolerância alimentar, porém, segundo a Dra. Myrna, são duas situações diferentes. Na intolerância, existe a falta de uma enzima ou substância indispensável para a digestão daquele alimento, logo, ele não pode ser metabolizado e acaba gerando reação. Já a alergia é uma resposta imune do corpo para combater um agente externo desconhecido ou agressivo ao organismo, descreve.

Embora seja uma condição que acomete grande parte da população, a alergia alimentar não tem cura e a recomendação para evitar as reações é retirar o alimento da dieta. A alergia deve ser diagnosticada para poder ser controlada, afirma a Dra. Myrna.

O paciente que deseja saber se tem alergia a determinado alimento deve procurar um médico e se submeter a alguns exames. As principais maneiras de diagnosticar a condição são através de exames clínicos, análises de sangue e testes cutâneos.

Alguns dos exames de alergia a alimentos disponíveis no Laboratório Frischmann Aisengart: abacate, abacaxi, abóbora, alho, amendoim, arroz, banana, batata, cacau, café, caju, camarão, caranguejo, carne bovina, carne de carneiro, carne de frango, carne de porco, castanha do Pará, castanha, cebola, cenoura, clara de ovo, coco, ervilha, espinafre, feijão branco, gema de ovo, gergelim, glúten, kiwi, lagosta, laranja, leite de vaca, limão, lula, maçã, mamão papaya, manga, mel, melancia, melão, milho, morango, mostarda, nozes, orégano, ostra, peixe, pepino, pera, pêssego, pimenta, pimentão, polvo, proteínas do leite, queijo cheddar, queijo gorgonzola, sardinha, soja, tomate, trigo e uva.