O líder do governo na Assembleia Legislativa, deputado Luiz Cláudio Romanelli (PMDB), informou nesta segunda-feira (25) ao chefe da Casa Civil, Eduardo Sciarra, que a bancada governista na Casa defende reajuste salarial de 8,17% para o funcionalismo público estadual. Segundo Romanelli, caso o Executivo insista na proposta de aumento de 5%, os deputados da base de situação vão propor emendas para garantir a reposição da inflação do período para os servidores. A expectativa do líder governista é de que até amanhã, o Palácio Iguaçu encaminhe o projeto para votação.

Há duas semanas, o governo anunciou que as negociações com o funcionalismo estavam encerradas, e que enviaria a proposta de aumento de 5%, dividido em duas parcelas, na semana passada. Desde então, porém, parlamentares de diversos partidos da base de situação – incluindo o PSC, maior bancada da Assembleia, com doze deputados – manifestaram a intenção de atender à reivindicação dos servidores para garantir a reposição das perdas inflacionárias, indicando não terem condições políticas de comprar nova briga com a classe. Percebendo que não teria maioria para aprovar os 5%, o governo então adiou o envio da proposta.

Nesta terça-feira (26), a bancada volta a se reunir com o chefe da Casa Civil para explicar sua posição. Comuniquei ao secretário o desejo da bancada que seja aplicado o reajuste de 8,17%, mesmo que seja necessário o parcelamento, disse Romanelli sobre o encontro de ontem com Sciarra. O avanço concreto foi a posição da bancada, que quer o reajuste de 8,17%. Nós sabemos do problema de caixa do governo para 2015. Por isso, pode ser parcelado, explicou.

O peemedebista admitiu que os dois lados permanecem publicamente com posições irredutíveis, mas afirma que a bancada vai tomar a iniciativa de propor uma saída negociada, mesmo que para isso tenha que contrariar o governo, ou o desejo do funcionalismo, de receber o reajuste integral imediatamente. O governo está agindo com prudência. Mas o projeto tem que vir com um índice superior a 5%. Se não, vamos trabalhar para fazer uma emenda, avisou, avaliando que para evitar o desgaste de se contrapor à sua própria base de sustentação no Legislativo, o governo deve ceder.

Segundo Romanelli, o Executivo já teria sinalizado a possibilidade de concordar com a reposição da inflação, desde que de maneira escalonada. Do outro lado, os sindicatos que representam o funcionalismo também já admitiriam internamente o parcelamento, diante da dificuldade de sustentar uma greve de professores que já dura um mês. O problema estaria apenas em definir o cronograma de pagamento. Os servidores querem a garantia da reposição ainda este ano. Já o governo quer jogar pelo menos metade do reajuste para o início de 2016. 

Sem condições — Diretora do Fórum das Entidades Sindicais dos Servidores Públicos Estaduais e da APP Sindicato, a professora Marlei Fernandes diz que o funcionalismo ainda espera uma proposta oficial do governo. Não podemos fazer nenhum debate sem uma proposta, alegou. Sobre o escalonamento de parte do reajuste para o ano que vem, como sugere o líder governista, ela foi enfática: isso não tem a mínima condição. Segundo a dirigente, Romanelli não apresentou nenhuma proposta concreta. Apenas disse que a bancada não vê condições de aprovar um projeto com reajuste de 5%, como quer o Executivo. O que já é um avanço, admitiu ela.