JULIA BORBA
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – A Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) decidiu nesta terça-feira (26) abrir uma audiência pública para avaliar prejuízo das geradoras de energia, que alegam deficits bilionários desde 2014 devido a gastos para comprar a energia que não conseguiram gerar sozinhas devido à seca.
Cálculos usados pelas geradoras para estimar a gravidade da situação variam bastante, e chegam a considerar perdas superiores a R$ 18,5 bilhões só em 2014. Segundo o relator do processo, que vai de 28 de maio a 26 de junho, no entanto, as alegações podem estar aumentando o problema.
“O risco, embora exista, talvez não seja do tamanho que foi vendido [pelas empresas]. Ele pode estar lá e ser menor. Não cabe discutir a solução agora porque não temos noção do tamanho do problema. Temos que saber o tamanho e a real capacidade de ele ser gerido”, afirma o relator Tiago Correia.
SECA
A falta de chuva e a dificuldade de se restabelecer o nível dos reservatórios fizeram com que as empresas tivessem de diminuir a sua entrega de energia, até mesmo por determinação do ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico).
Sem condições de atender aos clientes que haviam contratado energia, essas mesmas usinas tiveram de comprar energia de outras fontes para manter o fornecimento prometido.
O resultado foi o endividamento dessas geradoras, que agora buscam no governo uma solução para diminuir o tamanho do risco ao qual estão expostas.
“A minha sensação é de que a gente está em um túnel e, olhando para trás, a gente vê a luz de um trem que está chegando. Mas a gente não tem absoluta certeza se essa luz é de um trem mesmo ou se é só uma criança que vem segurando uma lanterna”, disse Correia.
Durante reunião da diretoria, houve consenso de que o problema terá de ser tratado com celeridade, pois algumas usinas podem estar com sua situação de caixa comprometida em virtude dos altos gastos.