A temida amnésia não é só personagem comum em novelas e filmes. Ela existe e traumas no cérebro podem causá-la. Ninguém está livre dela. A amnésia é a perda da memória decorrente de eventos traumáticos no cérebro, como uma pancada forte na cabeça, um quadro de Acidente Vascular Cerebral (AVC), epilepsia, tumor cerebral, degeneração cerebral ou intoxicação alcoólica. De modo geral, situações traumáticas causam lesões nos tecidos cerebrais que, por sua vez, terão sequelas, como a perda de memória, explica a neuropsicóloga Samanta Rocha, do Instituto Habilittare.

Ela esclarece que a amnésia pode ser dividida em retrógrada e anterógrada. Quando o paciente, após o trauma, não se recordar de fatos do passado como pentear os cabelos, chamamos de retrógrada. Já quando não consegue fixar acontecimentos do presente como o que comeu no café da manhã, é a amnésia anterógrada, explica a neuropsicóloga.

A neuropsicóloga informa que a memória é um processo que ocorre em diversas regiões cerebrais, por isso, nem todas as situações podem ser revertidas. Dependendo do tamanho e da localização da lesão, será avaliado se o paciente terá melhora rápida ou se será necessário um longo processo de reabilitação para transferir para outra região o trabalho da área lesionada, diz.

De acordo com ela, os danos podem afetar na aprendizagem de novas informações ou resgate de informações antigas e na memória não-verbal. É comum vermos pacientes com alterações de atenção, funções visuais, funções instrumentais, linguagem (como no vocabulário, escrita, leitura e compreensão), em funções executivas (como no planejamento e monitoramento de atividades), incapacidade de reconhecer objetos ou pessoas e uma negligência de metade do corpo, conta.

O Instituto Habilittare foi criado em 2000, formado por uma equipe de neuropsicólogas. Mais informações pelo site: www.habilittare.com.

Há outras perdas de funções

Talita Perboni, também neuropsicóloga do Instituto Habilittare, salienta que outras perdas de funções podem acontecer em um subtipo de memória e outra região ficar intacta. Essa amnésia ocorre em decorrência da intensidade ou da região que ocorreu o trauma. É mais ou menos como uma cicatriz no corpo: no cérebro, por ser em um tecido mais sensível que a pele, acaba deixando como consequências esses bloqueios ou esquecimentos, explica. A especialista afirma que mais alguns problemas podem ser desenvolvidos – como a perda de tecido cerebral, quando há penetração de algum objeto no cérebro ou até o rompimento de neurônios em áreas múltiplas. O paciente pode sofrer uma quebra da calota craniana com dano no tecido cerebral ou até ter a morte do tecido neural por hematomas e sangramentos, relata.

Para manter a saúde do cérebro e prevenir as falhas de memória, as neuropsicólogas recomendam atividades físicas regulares, alimentação saudável, oito horas de sono e hábitos de leitura e estudo. É importante que o exercício físico seja feito aliado à diminuição do estresse para que a memória não seja tão afetava, complementam.


Os tipos de amnésia

 

Amnésia Anterógrada
O indivíduo se lembra perfeitamente das ocorrências a longo prazo, porém não se recorda dos acontecimentos recentes. Normalmente ocorre por traumas cerebrais.

Amnésia Retrógrada
O indivíduo se recorda somente dos fatos ocorridos depois do trauma sofrido, esquecendo-se dos fatos passados.

Amnésia Global Transitória
O ndivíduo dificilmente é diagnosticado, pois esse tipo de distúrbio possui características anterógradas e retrógradas, dificultando sua identificação. Acredita-se que pode ocorrer por causa de qualquer fato que diminui o fluxo sanguíneo no encéfalo como relações sexuais, banhos frios, estresse, esforço físico e mais. Quando detectada é facilmente tratada.

Amnésia Psicogênica
O indivíduo induzido por traumas psicológicos bloqueia algumas informações de sua memória sendo que esse bloqueio provoca o esquecimento que pode ser anterógrado ou retrógrado. Tal bloqueio ocorre quando as emoções de um indivíduo sofrem algum tipo de sensação muito forte ou quando a mente utiliza o bloqueio como mecanismo de defesa.


Salve a memória


Debata

Durante as conversas argumentativas, como debates, o cérebro é exercitado, porque é forçado a opinar e replicar.

Anote
Faça anotações sobre o que está lendo. Desta forma, você pensa na ideia mais de uma vez, fixando-a na memória e estimulando a capacidade de armazenamento do seu cérebro.

Exercite-se
Praticar atividades físicas ajuda a liberar endorfinas, promovendo o bem-estar e mantendo o nível de serotonina no cérebro, deixando-o em estado de alerta.

Coma bem
Coma frutas e vegetais. Eles são ricos em antioxidantes, substâncias que ajudam na vascularização do cérebro, evitando problemas como a isquemia.

Beba com moderação
Evite o consumo excessivo do álcool. Em quantidades altas, o álcool queima neurônios e prejudica o sono, importante para consolidar as informações e lembranças adquiridas durante o dia.