A Intenção de Consumo das Famílias (ICF) continua em queda no Paraná. O indicador, apurado pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) e divulgado pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Paraná (Fecomércio PR), chegou a 102,6 pontos em junho e é o menor registrado pela pesquisa, iniciada em janeiro de 2010. Em junho do ano passado, a intenção de consumo marcava 132,2 pontos, o que representa redução de 22,39% nos últimos doze meses.

A retração nas compras é demonstrada por todas as classes econômicas. Entre as famílias com renda mensal de até dez salários mínimos, o indicador é de 102,2 pontos, e nas famílias com renda superior, pontua 104,7.

Apesar do viés de queda, a perspectiva paranaense da ICF está acima da média nacional, que registrou 91,7 pontos em junho. O índice está, pelo segundo mês consecutivo, na zona negativa – abaixo de 100 pontos.

De acordo com o presidente do Sistema Fecomércio Sesc Senac PR, Darci Piana, o arrefecimento na intenção de compra dos consumidores é decorrente das incertezas no campo político e econômico do país e do Estado. O consumo das famílias caiu motivado por preços que superaram em muito os do mesmo período de 2014, acrescido de desemprego crescente, queda na oferta de empregos, redução na massa de salários, e o adiamento ou cancelamento de compras, diante da incerteza na manutenção do emprego, avalia.

Para Piana, o cenário da inflação ascendente, que influenciou bastante a redução do poder de compra, teve como componentes alguns aumentos que constituem demandas compulsórias da população, como combustíveis, gás de cozinha, e o conjunto das tarifas de transporte, energia elétrica, água e saneamento, e telecomunicações. Esses aumentos possuem uma característica restritiva, pois extraem do mercado uma parcela expressiva do seu poder de compra e potencial de consumo, devido ao comprometimento da renda do consumidor com outras despesas essenciais, insubstituíveis ou inadiáveis, afirma.

Componentes da ICF

A análise mensal da Intenção de Consumo das Famílias (ICF), respondida por 500 consumidores no Paraná, é composta por sete subitens: Situação do emprego, Perspectiva profissional, Situação de renda, Acesso a crédito ou empréstimo, Consumo atual, Perspectiva de consumo e Momento para consumo de bens duráveis.

A situação no emprego atual é definida como mais segura para 44,1% dos consumidores. A perspectiva no emprego está positiva para 39,9%, que esperam algum tipo de promoção ou melhoria salarial. No mesmo período de 2014, o percentual de satisfação no emprego era de 51,3% e a perspectiva no emprego era positiva para 40,2%. Os que se declararam menos seguros com relação ao emprego somam 15,9%. Em junho do ano passado eram 10,4%.

A situação da renda é considerada melhor para 71,5% dos consumidores de maneira geral. Para as famílias com renda de até dez salários mínimos o percentual é de 69,9%. Nas classes de maior renda, 79% disseram estar melhor situação financeira em relação ao mesmo período do ano passado.

O acesso ao crédito ou empréstimo tem sido mais fácil para 39,6% das famílias, diferentemente do mesmo período do ano passado, quando esse percentual era de 69,1%. Já 37,3% disseram encontrar maior dificuldade para empréstimos do que no ano anterior.

Para 44,9% das famílias este é um bom momento para a aquisição de bens duráveis, como eletrodomésticos, TVs, som, etc. Em junho do ano passado esse percentual era maior, 71,5%.