Com nove rodadas, a quantidade de técnicos mandados embora (9), a mudança de jogadores nos elencos desde o começo do ano até aqui, a falta de habilidade dos dirigentes em montar elencos, tratar de dinheiro, dívidas, o modo como a CBF está mandando no futebol, os resultados da seleção desde a base, tudo isto só mostra que o futebol brasileiro precisa mesmo é baixar a cabeça e humildemente admitir que precisa olhar o resto do mundo e aprender muito. O que alguns chamam de equilíbrio neste início de Campeonato Brasileiro, eu chamo de baixo nível. Do líder Sport até o décimo colocado são apenas seis pontos. Do líder ao lanterna são 15 pontos, ou cinco vitórias. Aos lanternas um alento: Hoje, o lanterna brasileiro poderia começar a se recuperar e conquistar o título.

Portanto, o desastre do Coritiba em montar um elenco fraco neste começo de ano, não foi uma falha somente do clube do Alto da Glória. O técnico Ney Franco conquistou a primeira vitória e o time voltou ao campeonato. Pode até sair da ZR se nesta décima rodada marcar mais três pontos e ao que tudo indica, esse time que foi montado às pressas para a recuperação parece ser melhor que o que vinha jogando. Resta saber se o torcedor verá uma evolução deste time montado às pressas, que pode dar bons resultados, mas também podem implodir até o fim do ano. Numa entrevista coletiva, o meia Marcos Aurélio disse que o clima entre os jogadores é descontraído e feito de jogadores que convivem bem entre si. Mas, tudo isto que a torcida viu até agora, nada mais é que o resultado de um mal planejamento estratégico, que monta elencos na base do vamos ver no que dá.

E aos torcedores do Atlético PR, Paraná Clube, Flamengo, Vasco, não se sintam aliviados, pois eu estou usando o Coxa para definir o plano de ação em vários clubes deste país. Não existe um trabalho a longo prazo, não se faz uma montagem de elenco desde as categorias de base. Simplesmente a torcida vaia o time em campo e aquele jogador que era bom ontem, hoje é rum e vai para o banco, ou é emprestado. É só observar que vários jogadores que não rendiam nada em seus clubes vão para outros e rendem, às vezes até mais. E quando leio manchetes de jornais dizendo que o até então impecável São Paulo está com salários atrasados, me dá um gelo.

O baixo nível tem um professor de referência e se chama CBF. Quando um dirigente tem a chance de fazer todo o tipo de pesquisa, montar a equipe mais profissional e qualificada do planeta (muitos patrocinadores bancam a seleção) e monta o que nós vimos desde a Copa de 2002, é de concluir que realmente a coisa está muito feia. Estes profissionais podem chamar os melhores jogadores que um país possa ter. Os melhores goleiros, zagueiros, laterais, volantes, meias, atacantes, no país que deve ter o maior número de jogadores do planeta. Ele pode inclusive chamar os jogadores que este técnico tem mais afinidade, desde que entrem em campo e resolvam a parada.

E o goleiro toma gol e lhe falta fundamento de saída de bola, o atacante erra feio uma cobrança básica de pênalti. Aliás, vários deles ao longo destes últimos anos erraram feio. Quando eu vejo torcedor comemorando a vitória de 1×0 contra a Venezuela, vejo duas coisas: A primeira é ver que até a tímida e humilde Venezuela se esforça em melhorar seu desempenho. A segunda é que faz longos 13 anos que o nosso futebol só preserva a arrogância e a falsa sensação de superioridade, quando paramos no tempo e já estamos jogando de igual para igual com a Venezuela.

Mauro Mueller é apresentador do Show de Bola da Rede Massa, radialista e ator