Enquanto diversos setores da economia agonizam com a crise econômica que o país atravessa, alguns poucos conseguem fazer do momento de incertezas uma oportunidade de negócio. Esse é o caso das empresas de self storage (ou auto-armazenagem) boxes onde as pessoas podem armazenar determidas coisas por um tempo. Em Curitiba, as três empresas consultadas pela reportagem (D-Espaço, Stock Box e Park in Box) afirmaram que o setor vem conseguindo não apenas ficar à margem dos efeitos negativos da crise, como vem aproveitando o cenário para conseguiu conquistar um público maior, o que também possibilita novos investimentos e a expansão dos negócios. 

No caso do self storage, a crise acaba sendo uma aliada. Muitos clientes estão vindo justamente por alguma razão que de algum modo está ligado à crise, explica Paola Noguchi, diretora da D-Espaço, empresa criada em março e que desde então vem registrando crescimento de praticamente 100% mês a mês. Notamos muitos casos de pessoas e empresas que estão se mudando para um lugar menor, muitas vezes por causa do aluguel. Então há uma ligação entre a crise e esse mercado, eles estão inversamente relacionados, complementa.

Curiosamente, o fenômeno que agora se verifica no Brasil é algo que já foi registrado no país que pode ser considerado o berço do self storage, os Estados Unidos — foi na terra do Tio Sam que o setor começou a desabrochar a partir da década de 1960. Hoje, o país já conta com mais empresas de auto-armazenagem (48.500) do que restaurantes do McDonald’s (14.350), com o setor movimentando US$ 24 bilhões (cerca de R$ 80,5 bilhões) por ano. Além disso, foi o único segmento imobiliário dos Estados Unidos que nos últimos 30 anos não registrou retração em nenhum momento.

Nos Estados unidos, o mercado de self storage cresceu muito durante a crise e, agora aqui no Brasil nós não temos sentido muito esse momento, afirma Paulo Munhoz Filho, sócio-proprietário da Park in Box, uma das primeiras empresas de self storage da Capital. Nós tinhamos uma expectativa maior, mas o gráfico é sempre ascendente, garante Luiz Carlos Alberti Junior, sócio-proprietário da Stock Box.