Faltando menos de um ano para as eleições municipais de 2016, os deputados estaduais retornam hoje ao trabalho após o fim do recesso parlamentar já com as atenções e o foco voltado para a disputa por prefeituras e câmaras de vereadores. É que mesmo os parlamentares que não concorrerão pessoalmente no ano que vem já estarão preocupados em eleger os candidatos de seus grupos políticos em suas bases eleitorais. Esse clima deve dar o tom dos debates na Assembleia Legislativa até dezembro, pautando as discussões na Casa.

Só em Curitiba, por exemplo, quatro parlamentares são potenciais candidatos à sucessão do prefeito Gustavo Fruet (PDT): Maurício Requião Filho (PMDB), Ney Leprevost (PSD) e Tadeu Veneri (PT). Há ainda o deputado estadual licenciado e secretário de Estado do Desenvolvimento Urbano (Sedu), Ratinho Júnior (PSC).

Filho do senador Roberto Requião, Maurício Requião, inclusive, já sinalizou que pretende chamar Ratinho Jr para a briga no início do retorno dos trabalhos legislativos. Ele entrou com uma ação na Justiça para questionar a transferência da operação da bilhetagem eletrônica do transporte coletivo da Região Metropolitana de Curitiba para a empresa Metrocard, que é de propriedade das empresas que operam os ônibus na RMC. A mudança está sendo promovida pela Coordenação da Região Metropolitana (Comec) – órgão subordinado à secretaria comandada por Ratinho Jr. A última pesquisa sobre a eleição para prefeito de Curitiba, divulgada no início de julho, teve justamente Ratinho Jr como líder nas intenções de voto, com 25,9% da preferência do eleitorado, seguido de Fruet com 15,1%, tecnicamente empatado com Requião Filho, com 12,7%. Ney Leprevost apareceu com 5,9% e o líder da oposição na Assembleia, Tadeu Veneri, com 4,2%.

Depois de um primeiro semestre extremamente conturbado por conta da votação dos pacotes de corte de gastos do governo, que culminaram no confronto do dia 29 de abril, entre professores em greve e a polícia, que resultou em mais de 200 feridos, o líder da bancada governista, deputado Luiz Cláudio Romanelli (PMDB), espera um segundo semestre mais tranquilo, já que segundo ele, as propostas de ajuste fiscal já foram votadas. Romanelli admite, porém, que nem tudo está resolvido, já que apesar de ter concluído a votação das medidas de ajuste fiscal, a situação financeira do Estado ainda é difícil. O pior já passou, mas o melhor ainda não está por vir. A situação financeira só vai estar normalizada no ano que vem. Esse ano ainda será de pagamento de contas, e os deputados terão que ter muita paciência, explica.

Receita – Uma das questões que deve dar trabalho para o líder governista é a votação do projeto apresentado pelo governador Beto Richa (PSDB) que torna mais rigorosas as punições para auditores fiscais envolvidos em corrupção. A proposta foi apresentada como resposta ao escândalo envolvendo a Receita Estadual de Londrina, onde o Ministério Público investiga um esquema de cobrança de propina sobre empresas devedoras do Fisco paranaense. O Sindicato dos Auditores Fiscais da Receita Estadual (Sindafep) ameaça recorrer à Justiça contra o projeto, alegando que ele tem uma série de pontos ilegais. 

Para o líder da oposição, a questão da Receita será um dos temas a serem explorados no segundo semestre. Veneri também diz que há expectativa sobre se o Congresso concluirá ou não a reforma política, com a abertura de uma janela para troca de partido.