Cuidar do corpo com o fim das férias de inverno não é uma mera questão de estética de preparação para a estações mais quentes. O peso acima do normal, como o sobrepeso, e a obesidade, são fatores de risco para a saúde da população. E no inverno, tradicionalmente, até pela ingestão de alimentos mais calóricos, podem contribuir para que a balança dê um salto indesejado.

Para quem estava sedentário e pretende retomar os exercícios físicos nesta volta das férias, o diretor médico e endocrinologista do Laboratório Frischmann Aisengart, Mauro Scharf, orienta que se procure um médico e cita que os exames mais comumente solicitados são antes do início das atividades: Ferritina/Ferro Sérico; TSH; Creatinina/Ácido Úrico; TGO e TGP; Vitamina D-25; Triglicerídeos; Insulina e Glicose; Colesterol total e frações; Hemograma completo.

Ganhar peso e, até mesmo atingir o nível de obesidade, é quase matemático. Scharf explica que a obesidade ocorre quando não há um balanço entre o que é ingerido nas refeições e o que o organismo gasta nas suas atividades. Quando um indivíduo ingere alimentos, esses servem para produzir a energia necessária para o funcionamento do corpo. Se sobra energia, ou porque a ingestão foi grande ou porque a atividade foi insuficiente para usar a energia produzida, esta é transformada em gordura. O acúmulo de energia armazenada sob a forma de gordura leva à obesidade.

Pesquisa — Dado inédito da Pesquisa Sinais da Nutrição Depois dos 501, realizada pelo Ibope Inteligência e desenvolvida pelo multivitamínico Centrum, mostra que 44% das pessoas com 50 anos ou mais consideram-se acima do peso recomendado. As mulheres têm indicadores ainda mais preocupantes, pois 48% delas acreditam que deveriam estar mais magras, contra 38% dos homens.


CÁLCULO

IMC
Saber o Índice de Massa Corporal (IMC) é uma medida simples e que ajuda. Consiste na divisão do peso (em quilogramas) pelo quadrado da altura (em metros). Por exemplo: em uma pessoa com 90 kg e 1,70 m o IMC será: 90 / 1,70 x 1,70 = 32,1. Pessoas com IMC entre 20 e 24,9 têm peso normal; entre 25 e 29,9 têm sobrepeso e com 30 ou mais são obesas.


RISCOS DO SOBREPESO APÓS OS 50 É MAIOR
O excesso de peso em pessoas com 50 anos ou mais é ainda menos saudável do que em indivíduos mais jovens. O aumento do tecido gorduroso está associado ao desenvolvimento de doenças crônicas como aterosclerose, diabetes, hipertensão e até mesmo doenças degenerativas cerebrais, ressalta o cirurgião do aparelho digestivo, Dan Waitzberg. Segundo o Ministério da Saúde, as doenças crônicas respondem por 72% dos óbitos no país.

O médico lembra também que o sobrepeso e a obesidade aumentam o estresse sobre as articulações e tendões, levando o indivíduo mais velho a ter distúrbios ósteo-articulares.

A mudança de comportamento e o emagrecimento — orientado por médico ou nutricionista — traz diversos benefícios. A perda de 5% do peso corpóreo pode estar associada a melhor controle da glicemia em diabéticos, da pressão arterial e ao controle do colesterol, incentiva o médico. Problemas articulares em muito se beneficiam com a perda substancial de peso, diz.

APÓS A CIRURGIA BARIÁTRICA, 10% VOLTAM A ENGORDAR
Cerca de 52% da população brasileira adulta está acima do peso e de 10% a 20% das pessoas que passam por uma cirurgia de obesidade ganham peso novamente, segundo dados da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM). Atualmente, a obesidade é um problema alarmante, além de ser fator de risco para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares, diabetes e hipertensão arterial.

Para debater estes e outros temas relacionados ao problema, o Hospital Vita Batel promove palestras mensais gratuitas, com o intuito de alertar a população de Curitiba. A última aconteceu no dia 28 de julho.

Quando o paciente tem a obesidade diagnosticada, a cirurgia bariátrica torna-se solução para reduzir a gordura do organismo. O Brasil é o segundo colocado no ranking mundial de procedimentos deste tipo, com 80 mil cirurgias por ano, em média. Entretanto, a cirurgia só funciona quando há uma mudança de hábitos.

De acordo com o cirurgião do aparelho digestivo e especialista em cirurgia da obesidade Giorgio Baretta, do Hospital Vita Batel, é necessário que a reeducação alimentar se torne uma prática para o resto da vida. “Após o procedimento, orientamos o paciente a manter práticas de vida saudáveis, com alimentação balanceada e exercícios, pois a obesidade é uma doença crônica e exige cuidados”, alerta o médico.