GABRIEL MASCARENHAS BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O ex-ministro José Dirceu deixou a Superintendência da Polícia Federal de Brasília às 12h48 para ser transferido a Curitiba, onde permanecerá preso preventivamente. Ele foi transportado, num comboio com dois carros da PF, para o hangar da corporação, no aeroporto da capital. O ex-ministro saiu do prédio vestindo calça, camisa azul clara e terno azul marinho. A previsão é que ele embarque na aeronave da Polícia Federal às 14h e chegue ao Paraná por volta das 16h. Em despacho assinado no início da noite de segunda, o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), Luis Roberto Barroso, autorizou a transferência de Dirceu para a Superintendência da PF em Curitiba. ‘PIXULECO’ O petista foi preso nesta segunda (3), na casa onde mora, em Brasília, durante a 17ª fase da Operação Lava Jato, batizada de Pixuleco. Ele foi apontado pelo Ministério Público Federal como um dos responsáveis pela criação do esquema de corrupção na Petrobras. “Chegamos a um dos líderes principais, que instituiu o esquema, permitiu que ele existisse e se beneficiou dele”, disse o procurador da República Carlos Fernando dos Santos Lima, um dos responsáveis pelas investigações. Os procuradores da Lava Jato apontam Dirceu como responsável pela indicação do ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque, que foi responsável pela negociação de contratos de obras da Petrobras de 2003 a 2012 e é acusado de cobrar propina dos fornecedores da estatal. O procurador Lima afirmou que o esquema de corrupção na Petrobras reproduziu características do mensalão, porque parte do dinheiro abasteceu políticos do PT e de outros partidos governistas. “O DNA é o mesmo: compra de apoio partidário”, disse. Para ele, o esquema foi “sistematizado” no governo Lula. Questionado se o ex-presidente também seria investigado, Lima disse que “nenhuma pessoa no regime republicano está isenta de ser investigada”. MAL ESTAR Nesta segunda, Dirceu chegou ao prédio da PF queixando-se de mal estar e solicitou a presença de um médico de sua confiança. Segundo o delegado da Polícia Federal Luciano Lima foi constatado que o ex-ministro -que já esperava que fosse preso estava com pressão alta. Ele foi medicado e passa bem. O delegado relatou ainda que Dirceu comeu a mesma marmita que os demais presos, porém, sem sal, em virtude de sua condição de saúde. No final da tarde desta segunda, o petista recebeu a visita de sua companheira, Simone Patrícia Tristão Pereira. Ela levou roupas e roupas de cama para Dirceu. Como foi examinado na superintendência, o ex-ministro não precisou fazer exame corpo de delito. ‘PRISÃO POLÍTICA’ O advogado do ex-ministro José Dirceu, Roberto Podval, afirmou nesta segunda que os pagamentos recebidos pela empresa de seu cliente referem-se todos a serviços prestados. A prisão de Dirceu não tinha “justificativa jurídica”, segundo o defensor, que a classificou como “política”. Disse ainda que Dirceu se tornou um “bode expiatório” da Operação Lava Jato. “A justificativa colocada me parece mais uma justificativa política”, declarou Podval. Questionado, explicou que o juiz federal Sergio Moro reagiu “a uma pressão popular” ao decretar a prisão.