MARINA DIAS E NATÁLIA CANCIAN
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – A presidente Dilma Rousseff aproveitou evento que celebrou dois anos do lançamento do Mais Médicos, uma das principais bandeiras de sua gestão, para fazer uma deferência aos cubanos que participam do programa.
Segundo Dilma, os profissionais “foram responsáveis” por estreitar as relações entre Brasil e Cuba. “Tenho obrigação de me referir a um país, tenho obrigação de me referir à participação dos médicos cubanos, que deram mostras, junto com o governo cubano, de solidariedade, profissionalismo e atendimento absolutamente humanizado”, disse a presidente nesta terça (4).
“Quero agradecê-los e dizer que vocês estreitaram as relações entre o Brasil e Cuba, vocês são responsáveis por uma relação que hoje não está concentrada, mas distribuída por todo o território nacional”, completou Dilma sob gritos de “viva, Cuba” entoados pelos médicos estrangeiros que estavam na plateia.
Desde a implantação do programa, em 2013, os médicos cubanos sofrem resistência dos profissionais brasileiros por não terem o diploma revalidado. Dilma afirmou achar “muito esquisito” chamar os profissionais estrangeiros de “intercambistas” e pediu que sejam chamados, em “dilmês” apurado, de “médicos que vêm de fora, de outros países, participar de forma solidária conosco”.
No início de seu discurso de pouco mais de vinte minutos, a presidente fez uma espécie de desabafo e disse que recebeu “muitas críticas” enquanto o governo estava elaborando o programa e “conselhos sistemáticos” para desistir de seu lançamento. No entanto, ponderou, todas as cidades, inclusive as capitais, precisavam de médicos, e não só os rincões e periferias do país.
Segundo Dilma, ao longo dos dois últimos anos, o Mais Médicos somou 18.240 profissionais em 4.058 municípios e atende 63 milhões de pessoas. “É importante falar isso depois de dois anos: os 5.570 municípios desse país hoje possuem médicos”, afirmou a presidente.
Após o agradecimento especial aos cubanos, Dilma disse que era importante “comemorar o engajamento” dos médicos formados no Brasil, que preencheram todas as vagas abertas neste ano, após a ampliação do programa.
Os ministros Arthur Chioro (Saúde) e Renato Janine (Educação) também saíram em defesa do Mais Médicos, que definiram como um “lançamento ousado” e um “ato de coragem” da presidente.
Para Chioro, o Mais Médicos deixou de ser apenas uma medida de provimento emergencial e se tornou uma política de Estado. “Estamos travando um bom combate e conseguindo bons resultados”, completou Janine. “Não é uma ação de emergência ou de socorro apenas. É uma ação de longo prazo.”
MAIS ESPECIALIDADES
Durante o evento, o governo anunciou três novas medidas vinculadas aos Mais Médicos, uma das principais bandeiras da gestão da petista. A primeira delas é a criação de novas 3.000 bolsas de residência médica no país. Destas, 75% são para formação de especialistas em medicina de família, que atuam nas unidades básicas de saúde.
As regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste devem receber o maior número de bolsas. As instituições interessadas em ampliar as vagas devem se inscrever entre 10 de agosto e 4 de outubro de 2014.
A presidente também assinou um decreto para a criação de um cadastro nacional de especialistas, banco de dados com informações de quantidade de médicos por área de atuação, local de formação e município onde atuam no país. A ideia é usar o cadastro para verificar onde são necessárias novas vagas e quais as áreas com maior deficit de profissionais.
“Se não tivermos a dimensão correta de qual o número de especialistas, não conseguiremos saber qual a capacidade de oferta de serviços especializados. Poderemos a partir de agora pensar e planejar a necessidade de médicos”, afirmou Chioro.
O banco também deve ser usado no Mais Especialidades. A presidente aproveitou o evento para dizer, sem detalhar o programa, que vai cumprir sua promessa de campanha de lançar o Mais Especialidades, que chamou de “segundo passo”. “Assumi esse compromisso na minha campanha e estamos aqui para dizer que faremos”.
Além do cadastro e da oferta de novas bolsas de residência, também foram autorizadas a contração de 880 professores para atuar nas universidades federais que ampliaram as vagas de graduação em medicina, um dos eixos do Mais Médicos para tentar fixar profissionais no interior do país. A previsão é que sejam abertas 11,5 mil vagas de graduação até 2017.