RANIER BRAGON
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – Sob suspeita nas investigações da Lava Jato, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), teve seu afastamento cobrado pelo PSOL na reunião com os líderes partidários na tarde desta terça-feira (4). O peemedebista, porém, foi defendido por quase todas as outras legendas e, segundo relatos, disse que não se afastará nem se licenciará do cargo.
A reunião, feita a portas fechadas, confirma cenário detectado pela Folha de S.Paulo -de que Cunha ainda conta com sólido apoio entre seus pares, apesar das suspeitas que pesam contra ele.
Enquete feita pelo jornal mostrou que, com exceção do PSOL e do PPS, as outras legendas dizem não ver motivo para que Cunha se afaste mesmo que seja denunciado pelo Ministério Público Federal e se torne réu no caso de corrupção na Petrobras.
O assunto foi abordado na reunião desta terça pelo líder da bancada do PSOL, Chico Alencar (RJ). “Me surpreendi com essa enorme unidade entre o governo e parte da oposição”, ironizou o deputado sobre a defesa de Cunha feita por outros líderes partidários. Ele ressaltou que não estava fazendo antecipação de julgamento, já que, em sua visão, um afastamento não significa reconhecimento de culpa.
Partidos como o PMDB, PTB, DEM, PSDB, PC do B, PR e PRB saíram em defesa do peemedebista, sob o argumento de que é preciso que seja respeitada a presunção da inocência. Segundo relatos, Cunha disse que não abrirá mão do mandato de presidente concedido a ele por seus pares.
FORA DA PAUTA
À imprensa, o presidente da Câmara se negou a falar sobre o assunto, dizendo apenas que esse tema, o seu afastamento, não está em pauta.
Embora não tenha defendido Cunha na reunião, o PT também não é favorável publicamente a seu afastamento.
Dois partidos, que não foram localizados ou não quiseram opinar na enquete da Folha, manifestaram apoio a Cunha, na reunião a portas fechadas: o PC do B e o PSDB.
Cunha é apontado por dois delatores da Lava Jato como destinatário de propina do esquema de corrupção na Petrobras. Seu nome aparece também em requerimentos que, segundo esses delatores, foram usados na Câmara para achacar fornecedores da estatal.
O Ministério Público Federal deve apresentar denúncia contra ele nos próximos dias. Caberá ao Supremo Tribunal Federal decidir se aceita a denúncia, abrindo o processo e transformando Cunha em réu, ou se a arquiva.