MARIANA HAUBERT
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), também rechaçou nesta quinta-feira (27) a possibilidade de ter havido qualquer tipo de acordo entre o governo e o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, para poupá-lo das investigações da Operação Lava Jato em troca de garantias de apoio ao governo no Congresso. Janot negou a hipótese durante sabatina no Senado nesta quarta (26).
“Erra quem pensa que você pode, nas questões institucionais, fazer acordos políticos. A democracia não caminha desta forma. A democracia exige que cada um faça a sua parte, cumpra o seu papel e foi isso que sobejamente o Senado demonstrou”, afirmou o peemedebista em referência à aprovação da recondução do procurador a mais um mandato à frente do Ministério Público.
O Senado aprovou a permanência de Janot no cargo nesta quarta (26) após uma sabatina de mais de dez horas na Comissão de Constituição e Justiça da Casa. Durante a reunião, Janot chamou a hipótese de factoide.
“A esta altura da minha vida, eu não deixaria os trilhos da atuação técnica de Ministério Público para me embrenhar num processo que não domino e não conheço, que é o caminho da política”, disse.
Segundo Renan, o célere processo da recondução mostrou que “o Senado não vai amesquinhar seu papel”. “É evidente que tem divergências, a sabatina demonstrou. Mas era fundamental que o Senado demonstrasse para o Brasil e para o mundo o funcionamento das instituições. E foi isso que aconteceu, conforme nós nos comprometemos previamente”, disse.
Atualmente, 13 senadores são alvos de inquérito na Operação Lava Jato no STF (Supremo Tribunal Federal), incluindo o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). As investigações da operação relativas a políticos, que têm foro privilegiado, são conduzidas pelo procurador-geral.
O procurador-geral passou por mais de dez horas de sabatina na Comissão de Constituição e Justiça do Senado. Acusado de promover vazamentos de informações sigilosas, Janot defendeu a legalidade da Operação Lava Jato. Na comissão, Janot foi aprovado por 26 votos a 1.
O único senador que partiu para o enfrentamento com o procurador-geral na sabatina foi Fernando Collor (PTB-AL), denunciado por Janot ao STF (Supremo Tribunal Federal) na semana passada.