A presidente Dilma Rousseff decidiu suspender a nomeação do ex-ministro do Planejamento, Paulo Bernardo para um cargo de diretor-geral da Itaipu Binacional. A decisão foi tomada depois que Bernardo foi citado pelo juiz Sérgio Moro em denúncia encaminhada ao Supremo Tribunal Federal, envolvendo a sua esposa, a ex-ministra da Casa Civil e senadora Gleisi Hoffmann (PT), dentro das investigações da Operação Lava Jato.

A denúncia aponta a suspeita de desvio de R$ 40 milhões do Ministério do Planejamento pela empresa Consist – que obteve contrato para operar um sistema de crédito consignado para servidores públicos federais em 2010, quando Bernardo era ministro. Segundo Moro, parte do dinheiro da Consist teria sido repassado ao escritório de advocacia de Guilherme Gonçalves, e beneficiado a senadora. Paulo Bernardo e Gleisi negam as acusações.
Segundo os documentos encaminhados ao STF por Moro, pelo menos R$ 50 mil desse esquema teriam sido repassados em favor de Gleisi e de pessoas ligadas a ela, além do ex-ministro. Um documento apreendido durante as investigações indica o pagamento feito pela Consist de R$ 50 mil de honorários a Gonçalves em novembro de 2011. Ele teria acertado a operação com Paulo Bernardo, que ficaria, segundo as investigações, com todo o valor.
Deflagrada no dia 13 pela Polícia Federal, a Pixuleco II teve como alvo um esquema de pagamento de propina montado a partir de empréstimos consignados no Ministério do Planejamento a mais de 2 milhões de servidores públicos federais A organização comandada pelo operador de propinas Alexandre Romano, preso no dia 13, auferia remuneração decorrente desses serviços.
Gleisi teria sido beneficiária de parte de valores que transitaram pela Consist para cobrir também despesas pessoais da senadora. A suspeita sobre Gleisi surgiu a partir da análise de documentos apreendidos no escritório de Guilherme Gonçalves em Curitiba. Assim, por exemplo, planilha de fevereiro de 2015 apreendida no escritório de Guilherme Gonçalves revela que, do assim denominado ‘Fundo Consist’, com crédito de R$ 50.078,00, foram efetuados diversos lançamentos de débitos em favor da senadora e de pessoas a ela ligadas, destacou o juiz.
A Polícia Federal encontrou uma planilha intitulada débito de R$ 1.344,51, que seria a título de pagamento de multa relacionada à senadora. Além disso, a PF identificou remuneração da Consist a Hernany Bruno Mascarenhas, apontado como motorista da ex-ministra.
Honorários – O magistrado cita ainda outro documento do qual consta uma anotação de que, do pagamento de R$ 50 mil de honorários pela Consist a Guilherme Gonçalves, em 29 de setembro de 2011, ele teria acertado com Paulo Bernardo, que ficaria com todo o montante. Para a PF, a anotação revela que Guilherme precisaria da concordância de terceiro para ficar com os honorários pagos pela Consist, o que indicaria que os valores não se tratavam de fato de honorários.
O esquema descoberto pela Pixuleco II teria sido montado em 2010 e predominado até julho de 2015, segundo rastreamento de pagamentos de propinas. Os desvios beneficiaram o ex-secretário de Recursos Humanos do Planejamento, na gestão de Paulo Bernardo, Duvanier Paiva Ferreira, morto em 2013. Segundo Moro, as provas revelam, que parte expressiva da remuneração da Consist, cerca de 9,6% do faturamento líquido, foi repassada, por solicitação de Alexandre Romano, ao advogado Guilherme Gonçalves, que, por sua vez, utilizou esses mesmos recursos para pagamentos associados à senadora.