A abertura da Porta Santa na Basílica do Vaticano durante a solenidade da Imaculada Concepción dará início ao Julibeu do Ano Santo da Misericórdia, um evento religioso que só terminará em 20 de novembro de 2016, com a solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo.

Desta vez a abertura do Jubileu terá um significado especial, por marcar a data do 50º aniversário da abertura do Concílio do Vaticano II, em 1065. O que se espera é que seja também um impulso para a Igreja continuar a obra iniciada com o Vaticano II.

Fotos: Dayse Regina Ferreira

Imponentes, as colunas na praça do Vaticano, testemunham a passagem de milhares de visitantes todos os dias

Durante o Jubileu as leituras nos domingos serão sobre o Evangelho de São Lucas, conhecido como o evangelista da misericórdia, que Dante Aligheri definiu como scriba mansuetudinis Christi. São bem conhecidas suas parábolas no Evangelho sobre a miseridórdia: a ovelha perdida, a moeda extraviada, o padre misericordioso.

Antigamente o Jubileu acontecia a cada 50 anos. A Igreja católica iniciou a tradição do Ano Santo com o Papa Bonifacio VIII em 1300, que indicou a realização do evento a cada século. Desde 1475, para permitir que cada geração pudesse viver pelo menos um Ano Santo, o Jubileu passou a ser realizado a cada 25 anos.


A guarda suíça no Vaticano continua usando o colorido uniforme que dizem ter sido criado por Michelangelo

Um Jubileu extraordinário é proclamado sempre que exista um acontecimento de grande importância. Os Anos Santos já aconteceram 26 vezes. O último foi em 2000. Os Anos Santos extraordinários remontam ao século XVI. Os últimos foram em 1933, proclamado por Pio XI por motivo do XIX centenário da Redenção, e em 1983, proclamado por João Paulo II, pelos 1950 anos da Redenção.

O rito inicia com a abertura da Porta Santa, que permanece fechada durante o restante dos anos. Quatro Basílicas Maiores em Roma: São Pedro, São João Laterano, São Paulo Extramuros e Santa Maria Maior. Depois que é aberta a Porta Santa na Basílica de São Pedro, são abertas sucessivamente as outras portas. O Jubileu só não aconteceu nos anos 1800 e 1850, por causa de problemas políticas da época.


Foro romano, um ponto alto no roteiro de visitas

JUBILEU TERESIANO
Vai encerrar em 15 de outubro deste ano o Ano Jubileu Teresiano, que marca os 500 anos de nascimento de Teresa de Ávila. O papa Francisco concedeu para toda Igreja da Espanha as indulgências aos fiéis que assistirem aos Ritos Sagrados. O lema é Já é tempo de caminhar e V Centenário de nascimento de Santa Teresa de Jesús pode ser um bom começo.

ROMA DA ETERNA DOLCE VITA
A Roma do neo-realismo e da Dolce Vita teve sua idade de ouro entre 1948 e 1959. Era o tempo dos clubs de jazz, das estrelas de cinema na Via Veneto e dos políticos desfilando na Rai. Um frenesi que hoje virou lenda. Roma perdeu ao longo dos anos a dinâmica apresentada nos filmes de Fellini. Um pouco dessa perda se deve ao poder econômico, transferido mais para o norte do país, onde fica Milão. A chegada de Silvio Berlusconi, um puro produto da escola milanesa, virou até comédia pastelão, com seus casos envolvendo meninasmenores de idade, suas palavras destemperadas e um estranho arranjo entre peruca e pintura, para esconder a calvície. Um verdadeiro personagem.


O Vaticano prepara para o final do ano o Jubileu da Misericórdia, que só terminará em 20 de novembro de 2016

Vivem em Roma menos romanos do que em São Paulo os descendentes de italianos. Mas é a capital e a presença do Estado atrai turistas, grandes empresas nacionais ( Eni, Enel, Alitalia, Telecom, Rai) e muitas das grandes sociedades estrangeiras.

Acima e abaixo do solo jazem inúmeros tesouros arqueológicos. O que dificulta sobremaneira qualquer prolongamento de metrô, qualquer abertura de avenida, qualquer construção de edifício moderno ou simplesmente a instalação de cabos para Internet.

A Prefeitura local aproveitou o Jubileu do ano 2000 para impulsionar o progresso na cidade, dando à capital um ar de juventude com melhoria de transporte urbano e renovação de inúmeras mansões e monumentos.


Grandes obras de arte, como o magnífico Moisés, estão em todas as igrejas romanas

Roma apostou no mercado do Turismo de negócios e projetou inovações nos bairros de Pietralata e Tiburtino, para melhor receber empresas high-tech, mídia, um pólo de pesquisas e outro de técnicas de cinema, investindo mais do que 2 bilhões de euros. Tiburtino se transformou no novo centro de transportes com a chegada do metrô, autoestradas e a estação do TGV Milão-Roma-Nápoles.

Outro grande projeto foi o palácio de congressos, orçado na época em 120 milhões de euros, podendo receber até 6 mil delegados e abrigar exposições. Nas redondezas, um centro comercial. Certos eventos, mesmo de caráter religioso, são capazes de levantar a moral de um povo e reascender a chama dos negócios.


Giovanni Bruno, que foi queimado na praça do Campo dei Fiore, uma atração no centro antigo de Roma, com seu mercado diário de alimentos e flores e vários restaurantes

HISTÓRIA
De acordo com a lenda, Roma foi fundada por Romulus em 753 antes de Cristo. Romulus, mais tarde, matou seu irmão gêmeo Remus. A lenda diz também que os gêmeos eram filhos do deus Mars e da vestal Virgin. Os meninos foram encontrados no rio Tevere e cuidados por uma loba, até serem descobertos no Velabrum, na colina Palatino, por Faustulus, um pastor que adotou as crianças.

A fundação de Roma marca o período durante o qual o calendário romano foi usado. Antes Roma era um reino. O primeiro rei etrusco mencionado é Tarquinius Priscus (616 a 578 antes de Cristo). Depois do último rei etrusco, Tarquinius Superbus, que foi expulso de Roma em 509 antes de Cristo, Roma se transformou em República. Embora tenha sido saqueada pelos gauleses em 390 antes de Cristo, continuou sua expansão territorial com o auxílio nos séculos 3 e 2 antes de Cristo pela Guerras Punicas e a queda da rival Cartago.


O mercado de Campo dei Fiori tem nos restaurantes locais, como o tradicional Carbonara, um bom motivo para ser atraente aos turistas

Depois de um longo período de confusões e guerras civis, Gajus Julius Caesar foi eleito dirigente vitalício, mas foi assassinado em 44 antes de Cristo. A cidade não retornou à República dirigida pelo senado, mas viu a chegada da dinastia Caesarian mperium Romanum.

Roma na época já tinha uma população de um milhão de habitantes. O sucessor de Caesar, Octavian Augustus, dirigiu Roma entre 27 antes de Cristo e 14 depois de Cristo. A expansão territorial ficou estagnada durante o grande incêndio na época do Imperador Nero, 64 depois de Cristo. Muitos dos prédios ou suas ruínas do período imperial permanecem até hoje e são atração turística. Um bom exemplo é o Colosseum,construído no lugar do lago onde antes existia a Casa Dourada de Nero.Serviu para apagar todas as más memórias do imperador louco e restaurou para os romanos uma enorme área, que a casa ocupava, incluindo o Forum Romanum, a coluna de Trajano, o Patheon, o Castelo de St. Angelo, a tumba de Eurysaces perto da Porta Maggiore e o Templo de Minerva Medica.


Fontes, parques, praças são marcas romanas de várias épocas

O Latim foi desenvolvido pelos romanos. Mais tarde tornou-se a linguagem da Ciência e ainda hoje é usada com língua oficial do Vaticano. Embora Roma tenha permanecido intocada durante séculos, nem mesmo a muralha Aureliana, construída no século 3, conseguiu impedir a entrada dos visigodos em 410 depois de Cristo e pelos vândalos, em 455.

A cidade não conseguiu progredir muito até 800 depois de Cristo, quando Carlos Magno foi coroado Imperador do Sagrado Império Romano pelo Papa Leão III. Tempos depois a cidade encontrou uma nova identidade com o Renascimento e o período Barroco, principalmente nas igrejas, obeliscos, novas estradas, palácios e praças com fontes.


Na Boca da Verdade poucos políticos brasileiros teriam coragem de botar a mão

Assim Roma chegou até nossos dias, deslumbrando aos visitantes com a parte antiga, o Vaticano, os museus, o estilo de vida descontraído que faz seu charme maior. Com o final do poder papal, Roma tornou-se capital da Itália unida, em 1871.