ALEXANDRE ARAGÃO
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O Memorial da Democracia, site lançado pelo Instituto Lula na última terça-feira (1º), exalta feitos na Presidência de Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010) e diminui ou ignora feitos de seu antecessor, o tucano Fernando Henrique Cardoso (1995-2002). A página também inclui escândalos relacionados a adversários, como o PSDB e Paulo Maluf, mas não trata do mensalão.
No texto sobre a primeira eleição de Lula, em 2002, consta que, no dia de sua posse, o petista “anunciaria a primeira política pública de seu governo, o Fome Zero, embrião dos programas de transferência de renda que seriam agrupados posteriormente no Bolsa Família”. Programas sociais do governo anterior -como o Bolsa Escola, o Auxílio Gás e o Cartão Alimentação-, que foram incorporados e ampliados pelo Bolsa Família, não são citados.
Questionado, o Instituto Lula afirmou que os programas tucanos ficaram de fora “porque conceitualmente, em objetivo e em escala, não são a mesma coisa” que os programas petistas. “Os programas do governo anterior tinham alcance e caráter limitado, não atingiam todos os potenciais beneficiados e não tinham o caráter de direito. Inclusive a universalidade desses programas foi vetada em lei pelo governo anterior, fato que tampouco está no Memorial”, conclui, em nota.
Sobre os escândalos de adversários citados no site e a ausência do mensalão, o órgão limitou-se a dizer que “os módulos do memorial já publicados tratam dos períodos entre 1964 e 2002”. O instituto afirmou, ainda, que as referências aos governos petistas, a partir de 2003, estão sendo preparadas pela equipe do site.
Por outro lado, no texto sobre a eleição de Fernando Henrique, em 1994, diz-se que o tucano “antes de se tornar ministro da Fazenda”, no governo Itamar Franco (1992-1994), “era um político com tímido desempenho eleitoral”. Antes de virar ministro, FHC foi senador por São Paulo, eleito na segunda colocação -daí o “desempenho tímido”.
De acordo com o Instituto Lula, “é um fato histórico que antes de ser indicado para o Ministério da Fazenda o nome de Fernando Henrique Cardoso não era cotado para as eleições presidenciais daquele ano enquanto Lula liderava as pesquisas eleitorais de então. O adjetivo encaixa-se nesse contexto”.
Questionado ainda sobre que livros dão suporte às afirmações destacadas, o Instituto Lula conclui que “são fatos históricos que talvez o reportariado da Folha de S.Paulo seja muito jovem para lembrar”. “O Brasil viveu uma grave crise econômica e social entre 1999 e 2002, com índices sociais e econômicos muito ruins e baixa popularidade do governo federal”, diz a nota.