Eu queria ver o clássico Atlteiba sendo jogado às 11 horas da manhã, mas entendo que o Coritiba teria menos tempo para descansar e se preparar para domingo, porque joga na quinta-feira. Para um atleta, seis horas a mais é um bom tempo. São duas equipes muito parecidas neste segundo turno. Se no primeiro turno o Coritiba resistiu bem na casa do adversário, neste domingo a matemática não consegue prever ganhador, mas eu sempre digo que clássico tem, sim, favorito. E neste é o Coritiba, somente pelo fato de jogar em casa. Mas, se tomar um gol cedo, tudo muda de figura, porque ultimamente a torcida tem pegado no pé dos jogadores no meio do jogo, o que é péssimo para um clássico.

Eu costumo sempre fazer uma conta de jogos recentes para comparar as equipes, pois o futebol brasileiro é tão dinâmico — e vou usar a palavra dinâmico para não chamar mal planejado. Nem se compara a uma apresentação de início de temporada dos clubes europeus, quando são apresentados os jogadores do elenco e chega ao fim, os jogadores do elenco são praticamente os mesmos que começaram a temporada. Aqui, a cada oito jogos, muda jogador, gerente de futebol, diretoria, técnico. O Coritiba estava mal das pernas no primeiro turno e surpreendeu a todos empatando com o Atlético em plena Arena da Baixada. O Atlético vinha bem e não conseguiu vencer. O Coxa foi na base da superação. Neste domingo, os dois times entram em campo com um histórico recente bem parecido.

No segundo turno, o Coritiba somou 9 pontos, o Atlético somou 8. O Coritiba fez 4 gols e tomou 2. O Atlético fez 5 e também tomou 5. O Coritiba tem 2 vitórias, 3 empates e 1 derrota. O Atlético vem com 2 vitórias, 2 empates e 2 derrotas. E no meio de semana a rodada para os dois clubes são contra times da parte de cima da tabela. Enquanto o Coritiba viaja para jogar contra o Flamengo, o Atlético joga em casa contra o Grêmio. A única diferença é o desgaste de uma viagem, já que o Coritiba jogará em Brasília contra o Mengão. Equilíbrio que em nada lembra o primeiro turno do Campeonato Brasileiro, quando o time do Alto da Glória estava mal. A única diferença que vejo neste jogo é a torcida a favor do Coritiba, pois o time não vem repetindo as péssimas atuações do primeiro turno. Já o Atlético estava muito bem, mas, depois da entrada da Copa Sul-Americana, abriu mão de somar pontos no Brasileiro para poupar jogadores e desperdiçou chances de voltar ao G-4, jogando com times alternativos. E banco de reservas qualificado pra poupar jogadores como Walter e Marcos Guilherme é uma coisa que o Atlético não tem.

Não paguei a prestação da minha bola de cristal em dia para prever o resultado, não gosto de fazer isso. Mas eu acredito que será o melhor clássico Atletiba desde a decisão do Estadual em 2013. Um clássico é divisor de águas, separador de casamentos, prevê demissões, provoca a ira e a alegria várias vezes em 90 minutos, faz operários e desembargadores se abraçarem na arquibancada, preocupa os pais, deixa a vovó de cabelo em pé, o patrão e o empregado podem decidir o futuro em um clássico. E dependendo dos resultados deste meio de semana, podem decidir o futuro do rebaixamento do Coritiba e a proximidade do G-4 para o Atlético. O clássico renova o gosto do brasileiro pelo futebol. E o grande pensador do futebol, Armando Nogueira, disse uma vez sobre o futebol: “O gol que glorifica o artilheiro é o mesmo que mortifica o goleiro.” E num clássico multiplica a frase por 50.

Mauro Mueller é apresentador do Show de Bola da Rede Massa, radialista e ator