SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Manuel Moya, 38, estava em sua cama, ao lado da mulher, assistindo à TV, quando sentiu o terremoto. Com medo de morrer se ficassem do lado de dentro, os dois foram para a rua, em suas roupas de baixo, esperar o tremor passar. Minutos depois, a casa onde moravam era uma pilha de escombros.
“Pensei que fosse o fim do mundo e que íamos morrer”, disse Moya. Morador de Illapel, sua cidade está localizada 280 km ao norte de Santiago e 55 km a leste do epicentro do terremoto de magnitude 8,3 que atingiu o centro do Chile nesta quarta-feira (16), deixando ao menos oito mortos.
“Disseram que foi de magnitude 8, mas parecia um de 10”, afirmou Moya, que passou a noite em seu quintal. Os vizinhos lhes emprestaram roupas.
A terra chacoalhou por cerca de três minutos, provocando diversos danos a construções na capital do país e arredores. As autoridades emitiram um alerta de tsunami no Pacífico -posteriormente suspenso- para toda a costa do país, levando os habitantes do litoral a abandonar suas casas.
O evento forçou a remoção de mais de 1 milhão de pessoas.
O país andino havia sido atingido em 2010 por um terremoto de magnitude 8,8 seguido por um tsunami, deixando um saldo de mais de mil mortos. Nos últimos meses, o país enfrentou grandes enchentes, incêndios florestais e duas erupções de vulcão.
“Mais uma vez precisamos confrontar uma força poderosa da natureza”, disse em discurso a presidente do país, Michelle Bachelet.
O vice-ministro do Interior, Mahmud Aleuy, acrescentou que 240 mil domicílios ficaram sem luz.
Dezenas de tremores secundários, incluindo um de magnitude 7 e outros sete de magnitude 6 ou maior, também foram sentidos.
REDUÇÃO DE DANOS
O número consideravelmente menor de mortes indica que as medidas de redução de risco implementadas nos últimos cinco anos pelo Chile têm surtido efeito.
“O impacto de um terremoto é um pouco como o mercado imobiliário: o que importa é localização, localização e localização”, disse a geofísica Susan Hough, do Serviço Geológico dos Estados Unidos.
“Mas é verdade que a preparação e a redução de riscos no Chile está à frente de muitas partes do mundo, e isso fez a diferença”, acrescentou.
Claudio Moreno estava em um bar em Santiago quando o terremoto começou. “Fomos para a rua e então percebemos que aquilo estava chacoalhando há muito tempo”, afirmou, comentando que a duração do tremor causou mais medo do que sua intensidade. “Durou mais de um minuto.”