MARINA DIAS E GUSTAVO URIBE
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – A presidente Dilma Rousseff se reuniu nesta terça-feira (6) com o vice-presidente Michel Temer e os ministros José Eduardo Cardozo (Justiça) e Luís Inácio Adams (Advocacia-Geral da União) para definir a estratégia do Palácio do Planalto durante sessão desta quarta-feira (7) no TCU (Tribunal de Contas da União), que julgará as contas de 2014 do governo.
Segundo a reportagem apurou, a presidente ouviu de Temer que há discordância de setores do PMDB em relação ao método usado pelo Planalto, que acusa o ministro do TCU Augusto Nardes, relator do processo, de antecipar o voto e pretende recorrer ao STF (Supremo Tribunal Federal) para tentar anular o julgamento caso ele ocorra com a participação de Nardes.
O Planalto diz que o ministro violou normas do tribunal ao antecipar seu voto em entrevistas. Nardes, por sua vez, nega a acusação e diz sofrer tentativa de intimidação.
Peemedebistas acreditam que o movimento do governo pode ter piorado o clima na corte e que, se havia alguma chance de pelo menos um ministro votar a favor de Dilma, essa chance pode ter acabado.
Na reunião, ficou definido que, durante sua sustentação em plenário, Adams dirá que há precedentes na Corte para a suspeição de um ministro que antecipou o voto via imprensa.
E lerá uma ata de 30 de março de 2005, quando o ministro Lincoln Magalhães da Rocha foi declarado impedido pelo presidente do TCU à época, Adylson Motta, de ser relator de um processo depois de ter dado uma entrevista sobre o assunto.
Naquele ano, o procurador-geral da República era Lucas Furtado, que levantou a questão de que Lincoln estaria impedido porque feriu norma que veda aos magistrados manifestarem, “por qualquer meio de comunicação, opinião sobre processo pendente de julgamento seu ou de outrem”.
VETOS
A segunda parte da reunião entre Dilma e Temer serviu para tratar da manutenção dos vetos presidenciais sobre as chamadas pautas-bomba, cuja sessão está marcada para esta terça no Congresso.
A avaliação dos ministros Ricardo Berzoini (Secretaria de Governo) e Jaques Wagner (Casa Civil) junto com os líderes do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), e no Senado, Delcídio Amaral (PT-MT), que também estavam no encontro, foi a de que os vetos serão mantidos.