MARCELO NINIO, ENVIADO ESPECIAL
LIMA, PERU (FOLHAPRESS) – A crise política no Brasil está atrasando o ajuste fiscal que o governo tenta promover, afirmou nesta quinta (8) o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini. Em evento durante a reunião anual do FMI, em Lima, ele disse que o BC vai manter a política monetária atual para conter a inflação.
“A parte fiscal de nosso ajuste está numa velocidade menor que a pensada originalmente. Isso tem a ver com dificuldades políticas. Mas há consenso crescente em torno da necessidade de esse ajuste fiscal ser processado o mais rápido possível”, disse ele.
A afirmação foi feita durante um debate com os presidentes dos Banco Centrais do México, do Chile e da Colômbia. Houve consenso entre eles de que os BCs tem capacidade limitada para lidar com os “choques” sofridos atualmente pelas economias latino-americanas, as condições monetárias mundiais e o fim do super ciclo das commodities.
“O que precisamos é ter uma estrutura macroeconômica forte para encarar da melhor forma possível essa nova realidade” disse Tombini. Para ele, a economia brasileira é “relativamente flexível”, o que permitirá uma transição para setores ligados à exportação, que serão beneficiados com a desvalorização do real. Isso, segundo ele, impedirá o aprofundamento da contração econômica.
Tombini reconheceu que a economia brasileira sofre pressões inflacionárias, e disse que o ajuste em vigor terá efeito a longo prazo. Segundo ele, a alta da inflação tem a ver com a desvalorização do real.
“A política monetária foi ajustada para cuidar disso e fomos capazes de reancorar as expectativas inflacionárias no horizonte mais distante, 2017, 2018, 2019”, disse, ressaltando a importância da flutuação do câmbio. “Nossa meta de inflação já foi reancorada, apesar do aumento da inflação este ano, que em parte tem a ver com a desvalorização do real que foi muito significativa”.