SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O embarque de um grupo de 19 solicitantes de asilo na Itália deu início nesta sexta (9) ao programa de realocação de refugiados da União Europeia entre seus países-membros, que pretende redistribuir 160 mil pessoas. Uma aeronave da polícia italiana levando os refugiados, todos vindos da Eritreia, partiu do aeroporto de Ciampino, em Roma, em direção a Lulea, no extremo norte da Suécia, poucos quilômetros ao sul do círculo Ártico. As solicitações de asilo serão processadas na Suécia. A agência de imigração sueca afirmou que os 14 homens e as cinco mulheres, com idade entre 25 e 40 anos, foram selecionados por terem chances de conseguir refúgio e por possuírem conexões com familiares ou conhecidos no país. O embarque foi acompanhado pelo ministro do Interior italiano, Angelino Alfano, e pelo comissário de imigração da União Europeia, Dimitris Avramopoulos, além de autoridades da Cruz Vermelha. O Acnur (alto-comissariado da ONU para refugiados) parabenizou, em nota, a realocação. A agência afirmou que os refugiados haviam chegado em barcos na Sicília nas últimas semanas e foram registrados no centro de recepção de Lampedusa, onde concordaram em ser realocados. Alfano disse que, nas próximas semanas, mais de cem refugiados devem ser realocados para Alemanha e Holanda, entre outros países, e que, em dois anos, 40 mil solicitantes de asilo sairão da Itália para outros países. Uma vez selecionados pelo programa, os solicitantes de asilo não têm direito escolha sobre o destino final e devem acatar o país para onde foram redirecionados, disse Avramopoulos. “Nós devemos ser muito claros. Eles têm de obedecer”, disse. Os refugiados deslocados devem encontrar uma paisagem muito diferente da Eritreia natal, no norte da África. Em Lulea, na Suécia, a temperatura máxima média é de 5,7°C durante outubro. Nesta sexta, fazia 3°C durante o dia, mas a expectativa era que as temperaturas caíssem para abaixo de zero até a noite. DISTRIBUIÇÃO Pela proposta aprovada pela UE, devem ser deslocadas ainda neste ano 66 mil pessoas, das quais 50,4 mil estão em abrigos na Grécia, e outras 15,6 mil, na Itália. Os restantes 54 mil serão divididos no segundo ano, inicialmente vindos da Hungria. Segundo a União Europeia, 75% deste total vêm de três países: Eritreia, Iraque e Síria. Há uma divergência em relação ao Acnur, segundo o qual os afegãos, entre sírios e eritreus, são a segunda nacionalidade mais presente. Dos 28 países do bloco, 23 receberão cotas compulsórias (Itália e Grécia, oneradas por serem portas de entrada dos refugiados na UE, ficam isentos). Outros dois (Irlanda e Dinamarca) decidiram participar mesmo sem aderir aos acordos da UE sobre asilo. Já os britânicos não participam dos acordos nem entrarão na divisão, preferindo determinar sua própria política de acolhimento. Na partilha, ainda serão incluídos Noruega e Suíça, que aderiram voluntariamente ao grupo apesar de não fazerem parte da União Europeia. Segundo o Acnur, 576.797 refugiados e imigrantes cruzaram o Mediterrâneo para entrar na Europa em 2015 até o momento, sendo que cerca de 132 mil desembarcaram na Itália -o segundo principal destino dos viajantes, depois da Grécia. Mais de 3.000 pessoas morreram entre janeiro e outubro na tentativa de cruzar o mar.