Quando venceu o Fluminense, o Atlético passou a não ter mais riscos de rebaixamento. Essa tarefa é para o Coritiba. O que pode livrar o Coxa da ZR é a quantidade de candidatos, não a competência própria. Vasco e Joinville já caíram, então são mais duas vagas entre quatro clubes: Goiás, Coritiba, Avaí e Figueirense. O improvável seria Chapecoense e Fluminense arriscarem cair. O rubro-negro está livre, pode escrever. O Coritiba precisa vencer seus adversários diretos: Figueira, Goiás e Vasco. Dos três adversários mais difíceis, vencer pelo menos um deles e empatar mais um. Tem Corinthians (fora), Santos (em casa) e Palmeiras (fora). Assim, joga e vence contra o já rebaixado Vasco no Couto e escapa. Notou a dificuldade extrema desta batalha?

Hoje o Atlético joga contra o Sportivo Luqueño, que atuou com os reservas contra o Nacional pelo Apertura (campeonato paraguaio) no fim de semana. O Atlético derrubou uma série invicta dos paraguaios na Sul-Americana. O Luqueño está descansado, quer passar de fase e vai engrossar o caldo pra cima dos atleticanos. O time tem um bom conjunto, mas, dando a lógica, para mim o Atlético deve passar. E agora já se passaram as rodadas de adaptação do técnico Cristóvão Borges no rubro-negro, ele já deve estar sabendo o time que tem nas mãos. Espero que atleticanos e os torcedores do El Chanchón, que estão se provocando nas redes sociais, não transformem o jogo em uma praça de guerra, visto que até postagens racistas foram para um perfil criado exclusivamente para este jogo, chamado pelos jogadores dos dois times de guerra, batalha. Gente, é um jogo de futebol que vale vaga para a fase semifinal da Copa Sul-Americana. Quem se concentrar nisso passa de fase. Quem pensar em guerra, em batalha, vai perder o juízo e deixar escapar a oportunidade. Chega de chamar jogo de futebol de guerra. Não gosto de cantos de torcida com letras de violência. Nunca vou me acostumar com isto.

Falando em batalha, guerra, acredito que o grande erro do elenco Coxa foi perder os jogos contra Joinville e Ponte Preta. Contra o São Paulo, o Coritiba teve chances de matar o jogo no primeiro tempo, mas deixou escapar. E a derrota contra o São Paulo é aceitável. Mas, pesando a necessidade de vitória, a posição que se encontra e os erros acumulados ao longo do ano, foi um péssimo resultado. Mesmo assim, de nada justifica um bando de marginais, sem noção, invadirem o patrimônio alheio e tentar agredir ou mesmo gritar palavras de ordem contra jogador, técnico ou quem quer que seja. Este tipo de animal precisa acabar no futebol.

Muito antes da construção dos estádios da Copa, comentei sobre a necessidade de uma reformulação na cultura do futebol, torcidas organizadas e no cumprimento de uma simples lei. Senhores dirigentes, polícia e governos: Quantas pessoas precisam se ferir ou morrer para dar uma basta definitivo nesta violência? Por que o simples é complicado? No vídeo em que torcedores aparecem espancando um só torcedor, a maioria deles está com a camisa de uma organizada e, sempre que alguém é detido, a pessoa que briga está com uma camisa de organizada. Acontece nas ruas, algumas vezes dentro do estádio (como já ocorreu várias vezes entre Ultras e Fanáticos) e, ao que parece, é mais fácil fazer de conta que não é tão importante e dar as costas. Como escreveu o poeta porto-velhense Augusto Branco: Se todas as batalhas dos homens se dessem apenas nos campos de futebol, quão belas seriam as guerras. A poesia está vencendo e mudando de sentido.

Mauro Mueller é apresentador do Show de Bola da Rede Massa, radialista e ator