Mais uma vez os grandesda Europa fizeram reunião, desta vez com aqueles representantes africanos, grandes como armários, vestidos em sedas de grifes francesas famosas, óculos de aro de ouro etiquetados, geralmente acompanhados de louras esposas. Desta vez, os europeus ofereceram mais de 2 bilhões de euros para que cada dirigentes se encarregasse de impedir a saída de seu povo em direção aos ricospaíses da Europa. Claro que a quantia não agradou, e os africanos pediram 4 bilhões. Então foi mais um encontro de autoridades, todos fazendo a pose clássica perante as câmaras internacionais da imprensa, sem nenhum resultado prático. Mas sempre serve para divulgar mais um destino turístico. Talvez sirva para você.

Os primeiros povoamentos em Malta provavelmente foram de camponeses que teriam cruzado os mares, partindo da Sicilia, em torno de 5000 e 4000 antes de Cristo. Traços desses primeiros habitantes e as gerações que se seguiram ainda são vistos nas ilhas maltesas. Alguns dos melhores exemplos de construções pré-históricas datam dessa era e mostram contraste entre as edificações e a rusticidade do povo.

A história das ilhas maltesas foi registrada desde o século 9 antes de Cristo, com a chegada dos fenícios. Mais tarde, no século 6 antes de Cristo, as ilhas foram alcançadas pelos mercadores da colônia fenícia de Cartago, cuja colonização de Malta durou vários séculos. Gregos também exerceram grande influência na região, na mesma época. Embora nunca tenham ocupado as ilhas, a presença de muitas moedas e inscrições sugerem que visitaram Malta com frequência entre os séculos 6 e 7 antes de Cristo.

O evento histórico mais importante em Malta aconteceu no ano 60 depois de Cristo, quando São Paulo e São Lucas naufragaram na Ilha. As pregações de Paulo em Jerusalem e Cesarea causaram tantas reações junto dos líderes religiosos, que os romanos tiveram que prendê-lo. Paulo, como cidadão romano, pediu apoio de Cesar clamando por justiça e foi justamente quando ele e Lucas estavam navegando como prisioneiros para Roma, que aconteceu o naufrágio na região hoje chamada de Baía de São Paulo.

Fotos: Divulgação

Palácios luxuosos, no país que será capital da cultura européia em 2018

Durante um inverno inteiro Paulo e Lucas ficaram escondidos em uma gruta em Mdina, Rabat, pregando a palavra de Deus. Eram convincentes o suficiente para converter o governador romano Publius, que mais tarde tornou-se o primeiro Bispo de Malta, foi torturado e canonizado. Com o declínio do Império Romano, a história de Malta ficou esquecida, até a chegada dos árabes em 870 antes de Cristo. A ocupação árabe durou dois séculos e embora tenham tolerado a presença dos cristãos, grande parte da população adotou a fé muçulmana ou emigrou. O comércio de escravos, um dos grandes negócios da época, fez dos cristãos as vítimas de países vizinhos.

Duzentos anos de ocupação árabe deixaram marcas profundas na ilha, especialmente na linguagem Malti, que guarda bases do árabe, com traços de influências francesas e italianas. Foram os árabes que introduziram o cultivo de cítricos, especialmente do limão, e também do algodão, produtos que se transformaram em bases da economia. Mas mesmo com a forte influência do Islamismo, Malta continuou sendo cristã até hoje.

Em 1090, o conde Roger, o Normando, que tinha herdado de seu pai um principado no sul da Itália , pretendeu defender a Sicilia através do controle de Malta. Sua conquista foi relativamente fácil e Malta passou a fazer parte do Reino da Sicilia. Roger, o Normando, foi um líder liberal, que permitiu aos habitantes de governarem a si próprios através de conselhos, tolerou os muçulmanos e encorajou aos cristãos a expandirem a Igreja.

O poder francês permaneceu na ilha até 1282, quando foi substituído por Pedro I de Aragão. Outros duzentos anos fizeram da ilha o lugar de exploração de nobres estrangeiros. Novamente os malteses voltaram ao comércio da escravidão e da pirataria. Depois de repetidos ataques de berberes, turcos e sarracenos, o século XVI mostrou um país de moral e de economia naufragando.

Foi quando surgiu a Ordem dos Cavaleiros de São João, regendo o país, alcançando estabilidade e prosperidade durante séculos. Os Cavaleiros tinham sido expulsos de Rodes pelo sultão Suleiman, o Magnífico, e seus turcos. O Grande Mestre e quatro mil seguidores vagaram pela Europa até, depois de sete anos de negociações com o Sagrado Império Romano, conseguiram o direito de se estabelecerem em Malta.


Mapa de Valletta, o passado que volta

Os Cavaleiros ocuparam a ilha em 1530 e, embora tenham causado estranheza no princípio entre os habitantes locais, acabaram sendo reconhecidos como benfeitores. Construíram fortificações , muitas delas ainda existentes hoje, como o porto muralhado de Valetta. Durante anos a Ordem organizou vários ataques e sítios, alguns bastante longos e sangrentos. Mas em 1798 o período de graça acabou. Napoleão dominava o panorama na época e ordenou que a Ordem deixasse a Ilha ou adotasse as regras do Império Francês.

Enfraquecida pelos anos de bom viver, a Ordem dirigida pelo Grande Mestre Hornpesch desistiu de lutar e deixou com Napoleão os postos estratégicos que ele queria. Os dois anos seguintes de governo francês foram desagradáveis, pesados para o povo, que acabou fazendo com que a revolta causasse a insurreição. Durou 18 meses e foi ajudada pela patrulha no Mediterrâneo do almirante Nelson, da Inglaterra, que bloqueou os suprimentos dos franceses. A França capitulou em 1800 e Malta passou a ser controlada pelos ingleses. Em 1814 a ocupação britânica foi oficialmente reconhecida pelo Tratado de Paris e Malta permaneceu debaixo do comendo britânico até sua independência, em 1964.

Hoje a influência inglesa é ainda bem visível. Praticamente todos falam inglês, que continua sendo ensinado nas escolas. Eles até dirigem os carros pelo lado esquerdo da estrada!

TURISMO MALTÊS
Um destaque para quem faz turismo em Malta é apreciar a arquitetura local, que é dramática e cheia de surpresas. A abóboda da igreja St. Maria em Mosta é quase tão grande quanto a de São Pedro em Roma. Domina a cidade. Mdina, a antiga cidade fortaleza é prioridade nos roteiros de visitação. Como fica no alto, domina as planícies e tem ruas estreitas, quase secretas. Seu ar de mistério é garantido, porque muitos membros da aristocracia maltesa continuam a viver em palácios escondidos por muralhas. Mdina ficou conhecida como Cidade do Silêncio, por causa da ausência de trânsito de carros. Valetta, a capital, é uma curiosa mistura de estilos, com seus balcões de madeira pintados, suas ruas de escadarias, vielas, e as fortificações em tons de amarelo. Tudo combinando para criar uma cidade interessante de se visitar. Valetta foi construída em 1566, daí ser considerada como uma cidade nova. As muralhas sólidas de pedras e os bastiões a tornam praticamente inexpugnável. Para quem viaja a lazer, Malta é um paraíso. Nadar, praticar esportes náuticos, destacam a costa de águas límpidas e com pouco movimento de ondas. Para quem quer apenas relaxar, as praias são o melhor lugar para bronzear. O movimento aumenta com o cair da noite, com bares, discotecas, restaurantes, night clubs, teatros e cinemas. As férias podem continuar nas ilhas Thomseons, Sovereign, Cadogan, Medallion, Phoenicia. O banho de mar é seguro nas ilhas, com poucas ondas. A temperatura do mar fica em torno de 22.8º C entre maio e outubro, e de 15º.C nos meses de inverno.


Hotéis luxuosos garantem boas férias aos visitantes

DESTAQUES
Valetta, capital do arquipélago, fundada pelos Cavaleiros. Nos Upper Barrakka Gardens, vista para o grande porto e as Três Cidades; Catedral de St. John, onde os túmulos dos Cavaleiros em mármore, forram o chão; no Museu, dois quadros de Caragaggio, pintados durante o tempo em que se refugiou em Malta, condenado pela justiça por desacatos, em 1608; Palácio dos Grandes Mestres, sede do Parlamento e da Presidência; Albergue de Portugal e de Castela, construído por ordem do grão mestre Manuel Pinto da Fonseca; Manoel Theatre, de 1731, um dos mames Ditch. Claro, Mdina, a antiga capital medieval, com casas nobres e alma milenar; junto, Rabat (palavra que significa arrabalde), com igreja e gruta de São Paulo, onde dizem o apóstolo se refugiou. Há também as catacumbas de São Paulo e Santa Ágata. Marsaxiokk, vila de pescadores, tem mercado com produtos típicos: rendas, miniaturas das conduções originais de Malta, vidros, licor de figos – Bajtra Liqueur. As Três Cidades fortificadas têm nomes antigos de Bormia, L-Isla e Birgu, construções muralhadas de defesa do Mediterrâneo, onde ficam o Forte de St. Angelo, o Palácio do Inquisidor e o Museu Marítimo. Distante poucos quilômetros, Paola destaca Hypogeum, uma rede subterrânea de túneis com mais de 4.400 anos, utilizada como abrigo durante os bombardeios da Alemanha. Templos de Hagar Quim, pré-históricos são impressionantes. Ao lado , os templos de Mnajdra. Gozo é região ainda mais verde do que Malta, oportunidade de bons passeios, com os templos megalíticos de Ggantija. A capital, Victoria, em homenagem à rainha inglesa, era a antiga Rabat. Tem duas igrejas barrocas: a Cidadela, construída pelos Cavaleiros, em defesa da ilha; a ilha de pescadores de Xiendi; o Mar Interior, em Dwejra, ideal para um mergulho ou passeio de barco. Ao lado, o Fungus Rock era exclusivo dos Cavaleiros, que utilizavam plantas medicinais da região. Quem pisoteava o solo, era condenado à morte. A Gruta de Calipso é o lugar onde, dizem, Ulisses foi feito prisioneiro durante sete anos. Os templos católicos são as igrejas de Xewkija, Xaghra Parish e Ta’Pinu.

INGLÊS COM PRETEXTO
Um bom pretexto para viajar até Malta e aproveitar seu destino privilegiado. As aulas se aliam ao clima, as praias e os esportes ao ar livre. Perfeito para aperfeiçoar o inglês durante os meses de verão. Os gastos chegam a uma diferença de 50% em relação aos cursos no Reino Unido. Saiba mais no www.feltom.org. Para informações sobre Malta, acesse www.visitmalta.com


Tapete de mosaico, herança romana

OS CAVALEIROS
A Ordem dos Cavaleiros roi uma congregação que começou militar e hospitalar sediada na Terra Santa, com o nome de Ordem de São João de Jerusalém, por ser dedicada a São João Batista. Criada na Idade Média, em 1312 recebeu a Ilha de Rodes, onde fez sede, com o estatuto de Estado soberano até 1523, ano em que a Ordem foi expulsa da ilha pela armada turca. Expatriados e perseguidos, os Cavaleiros se instalaram em Malta, conseguindo conter o cerco de Solimão, o Magnífico. A vitória sobre as tropas turcas consolidou o poder dos Cavaleiros. Só não conseguiram resistir aos soldados de Napoleão, que os expulsaram dos novos territórios, mais de 200 anos depois da ocupação. Mas uma aliança com a Inglaterra provocou o recuo dos franceses. Só que o retorno dos Cavaleiros foi vetado pelos malteses, com a ameaça de pedir apoio novamente aos jacobinos. A Ordem então procurou refugio no Vaticano, onde é reconhecida como um Estado e não apenas uma ordem religiosa. Embora continue sem território. Emite passaporte, aceitos por alguns países e tem como base de trabalho as obras humanitárias. Alguns portugueses foram grão mestres da Ordem: Luís Mendes de Vasconcelos (1622), Antônio Manuel de Vilhena (1722) e Manuel Pinto da Fonseca (1741).

SERVIÇO
Moeda: libra maltesa; língua: maltês e inglês; clima: verões quentes , acima de 30º C, invernos suaves, com chuva em dezembro e janeiro. Em agosto a água do mar chega a 26º C. Gastronomia: excelentes vinhos, temperos marcantes e produtos de qualidade. Mistura influências e não se deixou levar pela falta de gosto da culinária inglesa. Transporte: rede pública eficiente, nas ilhas. Ao invés de alugar um carro ( a condução é pela esquerda), melhor um jeep ou moto, que têm melhor acesso pelas estradas secundárias e caminhos para a costa. Nas cidades muitas vezes depende de um selo especial. Os passeios a pé são aconselhados, de preferência com apoio de um guia local.