SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Um dos pilotos do jato russo abatido pela Turquia perto da fronteira com a Síria na terça-feira (24) foi resgatado e está “são e salvo”, informou a Rússia nesta quarta (25). Segundo disse a agências de notícias russas o ministro da Defesa, Sergei Shoigu, o piloto do SU-24 foi resgatado pelo Exército sírio em uma operação que durou 12 horas e se encerrou na madrugada desta quarta. Ele foi levado para uma base aérea da Rússia em um reduto do regime sírio. O presidente Vladimir Putin confirmou o resgate do piloto. Os dois pilotos se ejetaram após caças turcos derrubarem a aeronave russa, sendo que um deles foi alvejado e morto por rebeldes na Síria. Além disso, um soldado russo que participava das operações de busca pelos homens foi morto após o helicóptero em que estava ter sido abatido por insurgentes. A Turquia disse ter derrubado o avião de guerra russo que participava de bombardeios na Síria contra a milícia radical Estado Islâmico (EI) após notificar seus pilotos sucessivas vezes sobre terem invadido o espaço aéreo turco. O presidente turco, Recep Tayyp Erdogan, disse nesta quarta que seu país “não tem intenção de escalar o incidente” e que “apenas defendeu sua segurança”. Durante um evento corporativo em Istambul, Erdogan reiterou a versão de que o avião foi atingido enquanto sobrevoava a Turquia e que atingiu o solo na Síria, embora algumas partes do jato tenham caído em solo turco, ferindo duas pessoas. Putin afirmou na terça que o avião não cruzou a fronteira com a Turquia. O presidente russo considerou a decisão de derrubar o jato “uma punhalada nas costas feita por cúmplices do terrorismo” e alertou para “consequências significantes”. Após o incidente, a Rússia cortou relações de Defesa com a Turquia e desaconselhou seus cidadãos a viajar para o país. O chanceler russo, Seguei Lavrov, cancelou a visita que faria à Turquia nesta quarta. Putin disse nesta quarta que o sistema de defesa aérea S-300 será levado à base russa na Síria, informaram agências russas. Mais cedo, o Ministério da Defesa havia dito que o país enviaria o sistema S-400. ESCALADA MILITAR A derrubada do SU-24 pela Turquia aumentou os temores sobre a escalada militar na região. Foi a primeira vez que um membro da Otan (aliança militar ocidental, da qual a Turquia é membro) derrubou um avião russo desde a Guerra da Coreia, nos anos 1950. Após o incidente, a Otan e a ONU (Organização das Nações Unidas) pediram que a tensão militar seja contida. O secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, disse que o bloco “se solidariza com a Turquia” e sua integridade territorial, mas pediu “calma e desescalada”. O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, pediu que “todas as partes relevantes adotem medidas urgentes para reduzir as tensões”. O porta-voz de Ban, Stephane Dujarric, disse a jornalistas que o secretário-geral “espera que uma revisão crível e minuciosa esclarecerá os acontecimentos e ajudará a prevenir recorrências no futuro”. O presidente americano, Barack Obama, demonstrou na terça-feira apoio à Turquia, afirmando que o país “tem o direito de defender seu território e seu espaço aéreo”. O episódio pode agravar ainda mais a crise na região, gerando incertezas com relação à cooperação internacional para combater o EI e para pôr um fim à guerra civil na Síria. Forças russas atuam desde 30 de setembro na Síria em aliança com o ditador Bashar al-Assad para combater o EI. Uma coalizão internacional, formada por França e Estados Unidos, também tem realizado ataques contra o EI, mas, ao contrário de Moscou, faz oposição ao governo de Assad. O governo turco se opõe a Assad e vinha alertando a Rússia para não invadir seu espaço aéreo. Em outubro, a Otan, aliança militar ocidental da qual a Turquia faz parte, chegou  alertar que estava preparada para defender o território turco da ameaça provocada pela intervenção russa na Síria.