Pelo menos 260 mil pessoas foram atraídas nas primeiras semanas do ano para dois eventos culturais que já viraram marcas de Curitiba: a Oficina de Música e o Carnaval Multicultural, que começa semanas antes do calendário oficial, com o Pré-Carnaval. Ao levar milhares de pessoas para as ruas e espaços culturais da cidade, os eventos movimentam a chamada economia criativa e contribuem para reforçar a imagem de Curitiba em outros estados e países, alimentando também a indústria do turismo.

Um dos eventos mais simbólicos desse movimento é o Pré-Carnaval eletrônico, que aconteceu pelo segundo ano consecutivo, na Avenida Marechal Deodoro. Este ano, o evento teve um público recorde para o Carnaval de Curitiba, levando cerca 100 mil pessoas para assistirem às apresentações das atrações nacionais Alok e Illusionize, dos DJs curitibanos Rafael Araújo, Repow, Sound Cloup, C.R.O.M.I. e Pombeatz. 

Certamente vai virar tradição. O modelo é tão vitorioso – criando inúmeras oportunidades de negócio para o setor e para o turismo da cidade – que deveria ser replicado em mais cidades do Brasil. É um dos melhores exemplos de economia criativa em prática no país”, diz

Cláudio da Rocha Miranda, diretor da Rio Music Conference, maior conferência de música do Brasil lembrou que 100 mil pessoas no Carnaval eletrônico no centro de Curitiba foi uma notícia que tomou todo o Brasil.

“O cenário musical eletrônico de Curitiba é conhecido no Brasil todo. E o Pré-Carnaval Eletrônico demonstra isso. Este evento é de suma importância para o desenvolvimento musical e cultural da cidade”, disse o DJ e produtor Rafael Araújo.

No total, os eventos de Carnaval e Pré-Carnaval atraíram, desde janeiro, mais de 210 mil pessoas para as ruas da cidade, graças a uma programação diversificada, que garante diversão gratuita e com segurança em vários espaços públicos. A criação do conceito de carnaval multicultural é um avanço que se reflete em toda a cadeia produtiva da economia criativa envolvida, já que produtores locais, artistas e demais agentes do mercado cultural ganham visibilidade, geram produtos de qualidade e sustentáveis economicamente”, destaca o presidente da Fundação Cultural de Curitiba, Marcos Cordiolli.

A programação começou já em janeiro, quando cerca de 30 mil pessoas estiveram na Marechal Deodoro para curtir os blocos Garibaldis e Sacis e Monobloco, e se estendeu até o último Baile Popular no Bairro Novo.

O desfile de blocos e escolas de samba reuniu 15 mil foliões, que lotaram as arquibancadas montadas na Marechal. Na avenida estamos crescendo, avançando do ponto de vista da qualidade. As escolas estão melhorando a cada ano e o público tem respondido positivamente a isso, avaliou Marcos Cordiolli.

Outro item da programação, o Curitiba Rock Carnival, atraiu cerca de 20 mil pessoas, ao longo de três dias, sem qualquer ocorrência de violência.

De acordo com o superintendente da FCC, Igor Cordeiro, o Curitiba Rock Carnival se consolidou como um dos principais festivais de rock no Brasil e na época do carnaval, com a vantagem de ter programação gratuita. “Foi muito bacana ver famílias, crianças de todas as idades e até idosos participando deste que é um festival que veio pra ficar na cidade. O Curitiba Rock Carnival é uma realidade em Curitiba, que também é a cidade do rock”, afirmou.

Vlad Urban, co-produtor do evento e do Psycho Carnival, este organizado de forma independente, observa que o Curitiba Rock Carnival se consolida como o maior festival de música independente em Curitiba e um dos maiores do Brasil. E, o mais interessante, é que com o apoio da FCC ele se viabiliza de forma gratuita, incrementando e firmando o carnaval curitibano como uma alternativa, também, para quem procura sons diferentes para sua festa do momo, diz.

A programação incluiu ainda o Carnaval Golpes, realizado no TUC, e a Zombie Walk, que reuniu 20 mil pessoas e contou com apoio da FCC pelo terceiro ano consecutivo. “É uma alegria muito grande ver o crescimento do evento, que a cada ano atrai mais gente, se tornando uma genuína manifestação do Carnaval da cidade, avalia Flávia Nogueira, do Zombie Walk Curitiba, que organiza e realiza o evento.

Recursos

Graças ao esforço da Prefeitura em conseguir novos patrocinadores e parceiros, o Pré-Carnaval e o Carnaval em Curitiba cresceram e ficaram mais abrangentes, apesar de o investimento público ter permanecido no mesmo patamar do ano anterior. 

Com a economia feita no Pré-Carnaval através de patrocínios, a FCC conseguiu aumentar o valor destinado à organização dos desfiles, para R$ 394,2 mil. Em 2015 o valor tinha sido de R$ 339 mil e, em 2014, de R$ 263 mil.

Para a realização do Pré-Carnaval – composto pela saída dos blocos na Marechal Deodoro e no Sítio Cercado, pelo Carnaval Eletrônico, pelo Curitiba Rock Carnival e pelo Zombie Walk -, a Prefeitura investiu R$ 200 mil, destinados principalmente à infraestrutura. Para completar o recurso necessário para a festa, a Prefeitura conseguiu patrocínios no valor aproximado de R$ 500 mil, que foram destinados à produção dos eventos, ao pagamento dos cachês dos artistas, segurança, e demais necessidades.

Segundo Cordeiro, o desafio agora é alterar a lei do Carnaval para que o desfile das Escolas de Samba se torne mais atrativa para patrocinadores. “A lei impõe algumas restrições de exploração comercial de marcas que podem ser revistas. Se alteradas, podemos otimizar o investimento da Prefeitura e melhorar o evento”, diz.

Oficina de Música

A 34ª Oficina de Música de Curitiba, que ocorreu entre os dias 7 e 27 de janeiro, atraiu mais de 50 mil pessoas, que participaram diretamente do evento. A Oficina bateu todos os recordes e os eventos receberam um grande público. Mas o mais importante é que a Oficina ganhou em qualidade”, disse Marcos Cordiolli. 

Na última edição, a Oficina promoveu mas de 150 atividades entre cursos, recitais, concertos, shows, palestras, mesas-redondas, exibição de filmes, além da Oficina Verde e da Feira Gastronômica no pátio da Capela Santa Maria, que foi uma das novidades desta edição.

Foram 112 cursos de música erudita, MPB e música e tecnologia. Ao todo, a Oficina recebeu mais de 2.500 alunos e 122 professores de todas as partes do Brasil e de outros países.

Diante do crescimento do evento, o prefeito Gustavo Fruet anunciou a garantia de recursos para a próxima edição da Oficina de Música de Curitiba, que acontecerá em janeiro de 2017. “Isso projeta Curitiba, reafirma a identidade da área cultural, na área de produção musical e permite espaço para novos talentos. Fico muito feliz que Curitiba possa, mesmo em cenário de crise, ampliar a qualidade e a participação das pessoas na Oficina de Música de Curitiba, disse Fruet no encerramento da 34ª edição.