Um grupo de peritos da central alemã para investigação de crimes do nacional-socialismo encontram 400 nomes de suspeitos no Arquivo Nacional, no Rio de Janeiro. Além do Arquivo Nacional, foram visitados, ainda, os arquivos do Itamaraty. E o estado do Paraná se destacou como um dos campeões em número de indícios. Uwe Steinz, encarregado da investigação brasileira. disse a revista SW Brasil, chama a atenção para um fato curioso: não só no Brasil, como nos países do Cone Sul, muitos alemães, mesmo os de ficha suja, acabaram contribuindo significativamente para a economia da região.

Em outras palavras, esse grupo investiga o paradeio de nazistas que teriam deixado a Alemanhã após o fim de 2ª Guerra Municipal, em maio de 1945. Até hoje, policiais alemães passam horas intermináveis mergulhados em arquivos empoeirados mundo afora, na tentativa de descobrir ex-funcionários e colaboradores do Terceiro Reich ainda vivos – e levá-los à Justiça. Somente nesta semana, cerca de 400 nomes, supostos criminosos nazistas, foram garimpados no Arquivo Nacional, no Rio de Janeiro, e serão submetidos à checagem na Alemanha.

“Muitos não cometeram crimes antes ou depois da Segunda Guerra. Chegaram, se estabeleceram, transformaram-se em fazendeiros, homens de negócios e ajudaram o desenvolvimento. Viveram longamente ao apagar o passado da memória, pois não eram capazes de conviver com o peso dos crimes que cometeram”, observou.

O Escritório Central funciona desde 1958 na cidade de Ludwigsburg, no estado de Baden-Württemberg, e já teve cerca de 150 funcionários ativos. Hoje, conta com menos de 20 – já que as chances de encontrar ex-criminosos do regime de Adolf Hitler vivos ficam mais remotas com o tempo. Passar tantos anos em busca de personalidades obscuras que, quando descobertas, já estão mortas, poderia ser o trabalho mais frustrante do mundo. Mas não para Steinz. Segundo ele, o importante é ter o dever cumprido.

“Claro que, como investigador, gostaria de ver essas pessoas no banco dos réus, mas não me sinto frustrado. Nosso trabalho é localizá-las e identificá-las. Mesmo que estejam mortas, é importante saber quem eram, onde estavam e dar alguma satisfação às vítimas e suas famílias. O mais importante é deixar claro que sempre haverá Justiça. E que nada dissoacontecerá de novo, porque onde houver crime, haverá punição”, resume o investigador.

Os caça-nazistas existem. O trabalho no Rio é parte de uma missão do Escritório Central de Investigação de Crimes do Nazismo da Alemanha para resolver crimes de assassinato contra a população civil cometidos entre 1939 e 1945.
Até agora, não foi possível identificar nos arquivos nenhum criminoso nazista ainda vivo no Brasil, apenas nomes suspeitos.

Durante 11 dias, dois investigadores alemães do Escritório Central, ligados ao Ministério da Justiça, vasculharam, pela 14ª vez, os arquivos de imigrantes alemães no país. As buscas não são específicas. Eles procuram entre milhares de prontuários, vistos e documentos de viagem, registros de cidadãos alemães nascidos entre 1916 e 1931 e imigrantes alemães chegados ao Brasil entre 1945 e 1955. O objetivo é identificar suspeitos de homicídio para, então, submeter esses nomes à Procuradoria na Alemanha. Caso figurem na lista de “procurados”, e os dados sejam confirmados, é, finalmente, aberto um processo legal.