O Ministro da Justiça, Eugênio Aragão, disse que a atual diretoria da Polícia Federal (PF) tem sua plena confiança e que não está nos planos do ministério a substituição do diretor-geral do órgão, Leandro Daiello.

O Ministério da Justiça informa que o diretor-geral da Polícia Federal, Leandro Daiello, continua gozando de plena confiança por parte do ministro da Justiça e não há nenhuma decisão sobre a sua substituição, diz nota divulgada hoje (21) pela assessoria do ministério.

A declaração foi divulgada após a repercussão de uma entrevista publicada no jornal Folha de S.Paulo, na qual o ministro diz que não vai tolerar vazamentos em operações da PF. Segundo Aragão, a substituição na equipe poderia ocorrer caso fosse identificado cheiro de vazamento, mesmo sem a necessidade de provas, uma vez que a PF está sob sua supervisão.

 

Transmissão de cargo

No discurso de transmissão de cargo, feito no dia 17, Aragão dedicou “uma palavra especial às corporações que, a seu ver, têm atuado de forma a “manter o seu naco” no Estado: Infelizmente, nosso Estado tem, ao longo dos últimos anos, visto uma verdadeira apropriação das instituições por corporações. Corporações não cultivam a alteridade. Corporações cultivam o seu próprio umbigo. Corporações sempre buscam ser melhores do que as outras, mais valiosas do que as outras e, em última análise, o que está nessa arrogância é nada mais do que o ganho econômico, o ganho de prestígio e o ganho de poder, disse ele.

E prosseguiu: para sobreviverem e poder manter o seu naco de Estado nas mãos, fazem de tudo. Representam um risco permanente à governabilidade. Não que não possam legitimamente representar os interesses setoriais dos agentes do Estado. Mas elas têm de aprender a viver na alteridade e olhar para as outras instituições do Estado como igualmente legitimadas e igualmente importantes. Sem isso, essas corporações passam a ser um cancro dentro de nós. Desde que atuem com alteridade, nós a honraremos. As que queiram na base da cotovelada descredenciar órgãos do Estado, estas não terão o nosso diálogo, disse Aragão.

No mesmo discurso, o ministro disse que ninguém no país tem o monopólio da moralidade ou o monopólio da salvação da pátria, e que será papel do governo garantir que as instituições de Estado implementem a igualdade de todos perante a lei. “Todos queremos o melhor para o país. Mas não existe ninguém neste pais com o monopólio da moralidade ou com o monopólio da salvação da pátria. A declaração foi feita um dia após o juiz Sérgio Moro ter tornado públicas escutas telefônicas feitas entre o ex-presidente Lula e diversas autoridades de Estado – entre elas, a presidenta Dilma Rousseff.