ANA PAULA MACHADO
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O novo presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Antonio Megale, tem pela frente muitos desafios para o setor.
Com as vendas em queda, Megale, 59 anos sendo 36 deles no setor automotivo, disse que uma das metas em sua gestão é trabalhar junto ao governo para aumentar a flexibilização na legislação trabalhista e previsibilidade nas regras de exportação e nos programas de financiamento de compra de equipamentos, como o Finame do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
“Não podemos trabalhar com as regras mudando ao longo do caminho. Para nos prepararmos para a retomada da economia, temos que planejar todas as estratégias e atendermos da melhor forma o mercado”, disse Megale.
Segundo ele, as leis trabalhistas que regem o setor devem ter mais flexibilidade para que a empresa posso se adequar ao mercado e manter os postos de trabalho em momentos como o atual, de crise econômica.
“O PPE (Programa de Proteção ao Emprego) tem de ser perene. A uma ferramenta nos permitiu preservar os muitos postos de trabalho nas montadoras. Mas, ele vale por dois anos. Tem que ser um programa que possamos usar em momentos de crise”, ressaltou.
O novo presidente da Anfavea afirmou, ainda, que outra forma de previsibilidade é intensificar os acordos de exportação. Segundo ele, com a Argentina, por exemplo, o compromisso deveria ser de longo prazo e não anual como é atualmente. O acordo automotivo com a Argentina vence em junho e hoje, representantes dos dois governos estão reunidos, em Brasília, para tratar do novo compromisso.
“Acredito que o momento que a Argentina está vivendo, nos permitirá estabelecer um acordo mais longo. Não acho que o cenário político do Brasil vá influenciar o andamento desse acordo. Renegociar todo ano gera imprevisibilidade e é justamente isso que não queremos”, afirmou.
Megale ressaltou, ainda, que o Brasil precisa melhorar os índices de confiança. Ele acredita que com a resolução da crise política, seja com o impedimento da presidente Dilma Rousseff ou não, o brasileiro poderá acreditar mais no país e com isso voltam os investimentos.
“Temos um agronegócio pujante com recorde de safra atrás de recorde de safra, mas isso não se aplica na compra de equipamentos. Os empresários estão receosos na hora de investir. Solucionando a crise política acredito que a confiança seja retomada nos negócios”, disse Megale.
A expectativa, segundo ele, é que os índices de confiança melhorem já a partir do segundo semestre deste ano. “Assim que se definir a questão política no Senado, vou me reunir com os representantes do governo para me apresentar e trabalhar para colocarmos em discussão uma agenda para garantir a retomada do setor”, disse Megale.