THIAGO AMÂNCIO
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Manifestantes realizaram mais uma série de “escrachos” de parlamentares que apoiam o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff.
Nesta segunda-feira (2), militantes da Marcha Mundial das Mulheres foram ao escritório da senadora Marta Suplicy (PMDB-SP) em São Paulo, cobrar um voto contrário ao impeachment. No local, pregaram cartazes em que chamam de “golpe” o processo de deposição, e escreveram “traíra golpista” na calçada. No sábado (30), outro grupo de mulheres realizou protesto semelhante e deixou velas na porta da casa da senadora.
Suplicy foi filiada ao PT até abril do ano passado, e, hoje no PMDB, mesmo partido do vice Michel Temer, defende o impeachment.
“Ela foi eleita com uma plataforma de defesa dos direitos das mulheres, dos LGBTs, das minorias. É natural que esses setores tenham uma expectativa em relação ao voto dela [no processo de impeachment]”, diz Sarah de Roure, uma das organizadoras do ato.
No domingo (1º), o protesto foi contra Antonio Anastasia (PSDB-MG), ex-governador de Minas e relator da comissão do impeachment no Senado. O ato foi organizado pelo Levante Popular da Juventude, que levou faixas e tambores à porta da casa do senador, em Belo Horizonte. O grupo pichou “Anastasia golpista” e “PSDB golpista” no local.
A estudante Ana Júlia Bonifácio, membro do Levante no Estado, afirma que o senador foi escolhido por, segundo ela, também ter praticado pedaladas fiscais durante o período em que governou o Estado. “Ele se colocar como uma pessoa apta a julgar um impeachment supostamente por pedaladas fiscais é no mínimo suspeito”, diz.
Em Porto Velho, o alvo foi a casa da deputada federal Mariana Carvalho (PSDB-RO), onde os manifestantes escreveram “Aqui mora uma golpista”. Também houve protesto em frente à casa do deputado federal Sérgio Vidigal (PDT-ES), no Espírito Santo.
Laryssa Sampaio, do Levante Popular da Juventude, afirma que os atos devem continuar. “Ainda tem muitas figuras centrais no processo do golpe que é necessário denunciar”, diz. Ela destaca que outros movimentos sociais estão adotando a prática do escracho, como a Marcha Mundial das Mulheres. Na última semana, manifestantes da UNE usaram a tática de protesto em frente à sede do jornal “O Globo”, no Rio.
OUTRO LADO
A assessoria do senador Antonio Anastasia informou que ele não vai se pronunciar. Na última quinta (28), o parlamentar rebateu as acusações de que praticou pedaladas fiscais. “Quero sempre lembrar que, nesse processo [impeachment], o objeto não é a análise de ações de ex-governadores, ex-prefeitos, ex-presidentes, mas da atual presidente da República. Meu governo acabou há mais de dois anos”, disse.
A deputada Mariana Carvalho afirmou que “respeita todas as manifestações, desde que não falte o respeito com as pessoas”. Ela rejeita o título de “golpista”. “Todos sabemos que o impeachment está previsto na Constituição Federal. Acho que [o protesto] é um ato de desespero”, diz.
O deputado Sérgio Vidigal disse que “todo mundo tem o direito de se expressar”, mas que mantém a uma posição favorável ao impeachment. “Sou um dos 54 milhões que votou na presidente Dilma, mas seu governo foi uma frustração muito grande”, afirmou.
A senadora Marta Suplicy não respondeu até a publicação desta reportagem.