MARIANA HAUBERT, LEANDRO COLON E RANIER BRAGON BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – Diante do ineditismo da decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) de afastar do cargo o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), líderes partidários discutiram na noite desta quinta-feira (5) a possibilidade de se realizar uma nova eleição para a presidência da Casa. O encontro, no entanto, não foi conclusivo e os parlamentares devem se reunir novamente na próxima terça (10). A oposição pressiona os demais parlamentares para esta solução porque considera que a decisão do STF determina a vacância do cargo por tempo indeterminado. “A gente sabe que julgamento de ação penal demora anos. A rigor, do ponto de vista real, entendemos que o cargo passa a ficar vago porque não tem fixado essa definição de prazo”, afirmou o líder do PSDB, Antonio Imbassahy (BA). “O Brasil vive situação dramática com a presidente [Dilma Rousseff] sendo afastada, com novo presidente que está para assumir, com posições de responsabilidade enorme, como reconstruir a economia e combater a roubalheira e tudo isso passa necessariamente por essa Casa. Por isso, precisamos que o presidente tenha legitimidade para conduzir essas votações”, completou o tucano. As demais forças políticas da Casa entendem, no entanto, que o vice-presidente da Câmara, Waldir Maranhão (PP-MA), tem legitimidade para assumir o comando da Câmara até fevereiro do próximo ano, quando os deputados escolherão um novo presidente. “Novas eleições estão descartadas. Nós elegemos o Maranhão. Temos que ter calma”, afirmou Beto Mansur (PRB-SP) ao sair do encontro. Para o líder do PSD, Rogério Rosso (DF), os deputados precisam decidir conjuntamente qual interpretação deverão dar para a decisão do STF. A princípio, ele disse ser contra a realização de novas eleições porque o vice-presidente está legitimado no comando da Casa e não há vacância do cargo. “A Casa precisa ter sua funcionalidade mantida e precisamos de todos juntos para enfrentar este momento. O regimento diz que o primeiro vice-presidente assume a presidência. Ele tem legitimidade para continuar. Será um desafio para todos nós convergir para uma pauta de votação”, disse. Rosso é um dos cotados para assumir a presidência da Câmara caso os líderes decidam por novas eleições por ser ter diálogo tanto com a oposição quanto com a base aliada do governo e também com o grupo aliado de Cunha.