SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A fonte que vazou para a imprensa internacional mais de 11 milhões de documentos do escritório de advocacia panamenho Mossack Fonseca, caso que se tornou conhecido como “Panama Papers”, disse ter compartilhado o material para combater a “injustiça”.
“Eu não trabalho para nenhuma agência pública ou de inteligência, diretamente ou como terceirizado, e nunca trabalhei”, escreveu a fonte identificada pelo nome falso de John Doe, em um manifesto divulgado nesta sexta-feira (6) pelo ICIJ (Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos).
A decisão de vazar os documentos não teve motivação política e ocorreu “simplesmente porque eu entendi o suficiente de seu conteúdo para perceber a escala de injustiças que eles descreviam”, afirmou.
Os “Panama Papers”, continua, mostram que a “massiva, penetrante” corrupção está por trás da acelerada desigualdade econômica no mundo.
No mês passado, o consórcio de jornais publicou uma série de matérias sobre transações financeiras de pessoas ligadas a líderes políticos, empresários e celebridades envolvendo empresas offshore.
A documentação foi, inicialmente, vazada pela fonte não identificada para o jornal alemão “Süddeutsche Zeitung”, que compartilhou os dados com o ICIJ.
A fonte diz que, além de evasões fiscais, as empresas offshore são frequentemente usadas em variados outros crimes.
“Eu decidi expor a Mossack Fonseca, porque eu acredito que seus fundadores, empregados e clientes devem responder por seus papeis nesses crimes”, escreveu. “Vai levar anos, possivelmente décadas, para que toda a extensão dos atos sórdidos da firma se torne conhecida.”
No mês passado, o escritório panamenho afirmou que opera sem reprovações por mais de 40 anos e que sempre seguiu protocolos internacionais para evitar que suas consultorias fossem usadas para fins de evasão fiscal e lavagem de dinheiro.
No texto, a fonte afirma que está disposta a cooperar com autoridades que investigam o caso, “até onde for possível”. E cobra maiores proteções às fontes que vazam importantes dados sobre corrupção e outras ilegalidades.