THALES DE MENEZES, ENVIADO ESPECIAL
PARATY, RJ (FOLHAPRESS) – Em sua oitava e maior edição, o Bourbon Paraty Festival teve um encerramento grandioso na noite deste domingo (22), quando Joshua Redman e The Bad Plus fizeram uma apresentação arrebatadora.
Os três dias de programação cumpriram bem a missão de levar jazz, blues, R&B e soul para a cidade histórica fluminense, mas Redman tratou de lembrar a todos que são gênios que fazem a música evoluir.
Entre os 19 shows nos três palcos do festival, sem contar inúmeros artistas tocando nas estreitas ruas de chão de pedra de Paraty, dois foram de Redman & Bad Plus. Os americanos também tocaram no sábado (21), no palco montado junto à igreja Santa Rita. Já mostraram ali momentos incríveis, mas ficou com cara de “esquenta” diante da catarse que viria na noite seguinte, no palco maior, na praça da Matriz.
Discreto, tímido mesmo, Redman às vezes esperava vários minutos parado no palco, enquanto o trio de piano, contrabaixo e bateria executava um som de vanguarda, inquieto, balançante e preciso. Mas, quando esse músico de 47 anos e cara de moleque levava o saxofone à boca, o jazz voltava a ser sublime.
Famosos por releituras, que podem ser de jazz ou de rock e pop, os quatro optaram por mostrar apenas composições próprias em Paraty, tanto de suas carreiras separadas quanto desse encontro fundamental no jazz de hoje. Valeu demais, foi o grande show do festival. Bom para a plateia paulistana que poderá vê-los na noite desta terça (24), em show único na casa Bourbon Street.
O festival teve outra parceria no show de abertura, na sexta (20), quando o guitarrista carioca Romero Lumbabo e a cantora americana Dianne Reeves, que há anos gravam juntos, emocionaram a plateia. Todos os presentes devem ter dormido depois em suas pousadas com a voz poderosa de Reeves na cabeça.
Emoção também não faltou no sábado, quando o grupo Pau Brasil exibiu o virtuosismo que marca seus mais de 30 anos de estrada. Uma apresentação impecável de um combo que preserva talento e carisma com qualquer uma de suas formações.
Mais dois nomes lendários da música brasileira deram belos shows. A cantora Rosa Passos, 64, se apresentou na sexta, como convidada do grupo instrumental Brasilidade Geral, e deu uma amostra de sua voz que repercute mais fora do que dentro do Brasil. E, no sábado, o tecladista Eumir Deodato, 73, outro brasileiro de fama mundial, sacudiu a plateia com um repertório para fazer dançar.
Uma aposta acertada da organização foi escalar para os shows da meia-noite atrações vibrantes. Afinal, no fim de um dia caminhando por Paraty atrás da música, as pessoas talvez ficassem com sono diante de um som mais contido, contemplativo.
Assim, as três noites fecharam com festa. Na sexta, o britânico Zalon Thompson, que ganhou fama como backing vocal de Amy Winehouse. No sábado, o baterista americano Anthony King. E, no domingo, festança mesmo, com a Banda do Síndico, criada para tocar Tim Maia. Foi só correr pro abraço.

O jornalista THALES DE MENEZES viajou a convite do festival