SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Um grupo de 34 deputados europeus de esquerda pediu à comissária de política externa da União Europeia, Federica Mogherini, a suspensão das negociações do acordo com o Mercosul devido ao impeachment da presidente Dilma Rousseff no Brasil. Para os membros do Parlamento Europeu, o pacto comercial não pode ser negociado por um governo sem legitimidade democrática, em referência à administração interina de Michel Temer.

“Pedimos ainda que em conformidade com os valores fundamentais da União Europeia seja dado pleno apoio para o restabelecimento da ordem democrática no Brasil”, disse a portuguesa e ex-presidenciável pelo Bloco de Esquerda Marisa Matias, em publicação no Facebook.

A carta foi enviada na sexta (27) e assinada pela Esquerda Unitária Europeia/Esquerda Nórdica dos Verdes. Além dos Blocos de Esquerda português e francês, a união partidária abriga o espanhol Podemos, o grego Syriza e o italiano Movimento 5 Estrelas. Membro da Delegação do Parlamento Europeu para o Mercosul, o espanhol Xabier Benito disse ter a mesma preocupação da OEA (Organização dos Estados Americanos) e da Unasul (União das Nações Sul-Americanas)sobre a legitimidade do impeachment de Dilma.

“Tal acordo comercial não deveria ser negociado com o atual governo brasileiro. Reivindicamos que a UE dê o seu total apoio e envolvimento para o restabelecimento da ordem democrática no Brasil”, disse, em entrevista à agência de notícias Efe. Nem Federica Mogherini nem o Itamaraty se manifestaram até o momento sobre a carta.

O novo ministro das Relações Exteriores, José Serra, fez duras críticas a entidades e países que questionaram o processo de impeachment. Dentre os alvos do tucano, estavam a Unasul e países como Bolívia, Venezuela, Cuba e Equador, governados por partidos de esquerda.

A última rodada de negociações entre a União Europeia e o Mercosul foi em 11 de maio, dia da votação do afastamento de Dilma no Senado. Na reunião, foi feita a primeira troca de ofertas tarifárias, que afeta principalmente os produtos agropecuários. Ao tomar posse, Serra defendeu a necessidade de o Brasil aumentar o número de acordos de livre-comércio, incluindo o que é negociado com os europeus.