FERNANDA ODILLA, ENVIADA ESPECIAL
PARIS, FRANÇA (FOLHAPRESS) – Depois de divulgar um relatório com previsões pessimistas para a economia brasileira, o secretário-geral da OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico), Angel Gurría, afirmou nesta quinta-feira (2) que o corpo técnico da entidade vai incorporar nas próximas análises as observações apresentadas pelo Brasil como resposta ao texto.
No dia anterior, o ministro interino José Serra (Relações Exteriores) havia classificado o relatório da entidade, divulgado em Paris, como especulativo e pouco sofisticado. Em resposta ao texto, ele apresentou na quarta (1º) um documento de duas páginas com informações adicionais sobre o quadro econômico brasileiro que, segundo Serra, apontam para um cenário mais otimista.
“Recebemos com muito interesse os comentários e, claro, nossos especialistas e técnicos vão incorporar [as informações] para as futuras avaliações”, afirmou Gurría.
O documento entregue por Serra destaca, por exemplo, projeções para a redução da inflação e, ao mesmo tempo, crescimento da agricultura e da demanda chinesa por produtos brasileiros.
“O relatório da OCDE não tem essa sofisticação de análise”, afirmou Serra ao comentar o documento da entidade. Ele disse que a economia brasileira não vai “bombar”, mas que o cenário é menos pessimista que o previsto pela entidade que reúne 35 países -a Letônia assinou a adesão ao bloco nesta quinta.
A mais recente análise da OCDE fala em “recessão profunda” até 2017 e prevê aumento do desemprego no país devido ao “cenário de alta incerteza política e de revelações correntes de corrupção que minam a confiança dos consumidores e investidores”.
Para a OCDE, “divisões políticas profundas” minam a chance de o Brasil realizar reformas consideradas essenciais para retomar o crescimento. O relatório também prevê aumento do deficit público a curto prazo.
Segundo o secretário-geral da OCDE, o Brasil é um país em permanentemente avaliação. “Consideramos para fins das estatísticas, cifras e análises como um país da OCDE. As contribuições do país são bem vindas e vamos incorporar”, disse Gurría, que já sinalizou o interesse de transformar o Brasil em membro do bloco.
Atualmente, o Brasil é parceiro da OCDE. Segundo Serra, lhe foi oferecida a possibilidade de acelerar o processo de adesão.
Serra participa de encontro da OCDE em Paris, onde tem feito uma série de encontros bilaterais, para tratar especialmente de assuntos comerciais.