SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Único jogador eleito cinco vezes o melhor do mundo, nem Lionel Messi, 29, aguenta a sina que atravessa como principal referência de sua geração na seleção argentina. Neste domingo (26), pelo segundo ano consecutivo, o Chile bateu a Argentina nos pênaltis e conquistou a Copa América. É a primeira vez que uma seleção sul-americana que nunca levou uma Copa do Mundo consegue tal feito.
O olhar perdido de Messi, sentado e quase em transe durante a festa dos jogadores chilenos em campo, parecia atravessar os 23 anos de jejum de títulos da seleção alviceleste, de longe o pior período da história do futebol no país. Pior que isto, apenas a Inglaterra, sem títulos desde a Copa de 1966.
O meia-atacante de 1,70 m é o núcleo de uma geração argentina gestada com muita expectativa. Em 2005, acompanhado de Agüero, Garay, Zabaleta, ele foi campeão mundial sub-20. Em 2008, junto de alguns dos mesmos companheiros conquistou a medalha de ouro na Olimpíada de Pequim.
No entanto, apesar do sucesso internacional dos jogadores dessa safra, distribuídos pelas maiores equipes do planeta, eles se aproximam dos 30 anos com o peso de nunca terem conquistado um título pela seleção principal, e também dão ingrata contribuição à estiagem histórica de conquistas. A geração que os antecedeu, formada também por craques como Javier Zanetti, Aimar e Riquelme, passou totalmente em branco, e esse fantasma começa a assombrar quem ainda tem condições de disputa.
Neste domingo, Messi estava decidido a não deixar se repetir o enredo de 2015. Em alguns momentos afobado, ele aparecia no campo todo, desarmando na defesa, percorrendo toda a extensão do gramado e finalizando.
Com apenas 27 minutos de jogo, ele driblou Díaz duas vezes e conseguiu a expulsão do adversário. Durante os 120 minutos, os chilenos recorreriam sete vezes a faltas para parar Messi.
O drama argentino é que o técnico Gerardo Martino tem dificuldade em montar uma equipe compacta, capaz de continuamente dar opções e atacar em velocidade, por exemplo, o organizado time chileno, estruturado por Jorge Sampaoli e hoje treinado pelo também argentino Juan Pizzi. Após a partida, em entrevista ao canal SporTV, o técnico da seleção brasileira, Tite, disse que o Chile pratica o melhor jogo coletivo da América do Sul.
A Argentina levou perigo em alguns ataques, mas esbarrou novamente, pela terceira vez em finais, na imprecisão das finalizações de Higuain, que perdeu gol de frente para Romero.
Nos pênaltis, o principal jogador chileno, Vidal, abriu as cobranças com erro. Estava nos pés de Messi a chance de colocar a Argentina em vantagem. Em cobrança absolutamente fora de seu padrão, ele bateu por cima, muito longe da meta de Bravo, que ainda defenderia a batida de Biglia e daria o bicampeonato à seleção chilena.
Ao fim do jogo, Messi, que normalmente exibe um semblante impassível ou com leves variações mesmo em momentos de grande sofrimento ou felicidade, foi flagrado aos prantos pelas câmeras de televisão. Mais tarde, em entrevista, anunciou que não iria mais defender a seleção de seu país.