O Partido Socialista (PS) rejeitou, ontem, o convite do primeiro-ministro em exercício, Mariano Rajoy, para formar uma grande coalizão com seu Partido Popular (PP). O porta-voz do PS, Antonio Hernando, afirmou que a legenda não iria apoiar a investidura de Rajoy, nem abster-se.
O convite do PP foi feito ontem, após a apuração das urnas indicarem que os conservadores do PP conquistaram 137 cadeiras nas eleições deste fim de semana. O número representa um aumento de 14 assentos frente a eleição de dezembro, que foi descartada após ambos os partidos falharem em conseguir formar um governo de coalizão, mas está aquém da maioria dos 350 necessários para formar um governo.
A política na Espanha tem vivido um impasse desde dezembro. Parte do problema reside no fato de que o país, ao contrário de outras nações europeias, nunca teve um governo de coalizão: socialistas e conservadores se alternaram no poder por décadas.
Caso as negociações com o PS falhem, a segunda melhor alternativa para Rajoy seria tentar atrair o Ciudadanos, uma legenda nova e mais liberal, que ganhou 32 assentos.
O líder do partido, Albert Rivera, rejeitou qualquer negociação com um governo liderado por Rajoy após o resultado de dezembro, mas recentemente sugeriu que poderia voltar atrás. Ainda assim, o PP não teria o número 175 parlamentares necessários para governar, e ficaria dependente de grupos menores para formar maioria.
Em terceiro lugar, com 71 assentos, ficou a coalizão de esquerda Unidos Podemos, que juntou os comunistas, os Verdes e o Podemos, que pretendia ultrapassar o PS e acabar com o sistema bipartidário do partido. O resultado mais provável, após algum ruído, e uma grande coalizão entre os dois partidos mais tradicionais, talvez apoiada pelos liberais, afirmou o economista Holger Schieding, do Berenberg Bank. A pressão sobre os principais partidos para evitar uma terceira eleição será imensa.