Sempre associado à população adulta, o reumatismo também pode afetar crianças e adolescentes. O diagnóstico precoce e o tratamento específico são aliados fundamentais para combater a doença e proporcionar melhor qualidade de vida aos pacientes.De fato, muitas das condições ditas “reumáticas” são associadas a doenças degenerativas, como o desgaste de cartilagens, o enfraquecimento muscular e a perda de massa óssea.

De acordo com Cássia Passarelli, presidente do Departamento de Reumatologia da Sociedade de Pediatria de São Paulo, a patologia mais comum é a artrite idiopática juvenil, além do lúpus, da febre reumática e de outras doenças inflamatórias. Dor é manifestação de que algo está errado – por isso, se a criança acusar algum incômodo, é imprescindível consultar o pediatra para o devido encaminhamento, alerta.

Essas doenças geram nas crianças sintomas semelhantes aos que afetam os adultos, como dor e rigidez nas articulações, e algumas delas podem levar a dano e limitação permanentes comprometendo o futuro do pequeno paciente.

Acredita-se que cerca de 25% das doenças reumáticas ocorram em pessoas com menos de 16 anos de idade nos países desenvolvidos. Percentual que deve ser ainda maior nos países mais pobres como o nosso devido à grande associação com baixo nível socioeconômico de algumas patologias.

No Brasil, assim como em outros países subdesenvolvidos, a febre reumática (FR) é a doença reumatológica mais frequente seguida da artrite reumatoide juvenil (ARJ). Outras patologias inflamatórias, como o lúpus eritematoso sistêmico (LES), a dermatopolimiosite (DMP), a esclerodermia (ESP), as vasculites, etc., são também causas importantes de visitas ao reumatologista pediátrico, lembrando ainda das doenças não inflamatórias, como a chamada dor de crescimento, a fibromialgia, e a síndrome da hipermobilidade.

Geralmente, caracterizam-se por dor e inchaço nas juntas, dificuldade para andar e dor nas pernas. Alguns tipos cursam com febre prolongada e lesões de pele. São doenças inflamatórias que ocorrem em indivíduos geneticamente predispostos, desencadeadas por processos ambientais desconhecidos, explica a especialista.

O diagnóstico muitas vezes não é claro, o que pode confundir com outras doenças e até mesmo com alterações próprias da infância. Passarelli afirma que, por isso, os pais devem ficar atentos e levar os filhos ao pediatra, que encaminhará ao reumatologista pediatra. Grande parte dessas doenças é crônica, porém contamos com tratamento e controle, possibilitando ao paciente uma vida normal, ou praticamente normal, conta.


As doenças reumáticas mais frequentes em crianças e adolescentes

Artrite Idiopática Juvenil
Causa inflamação nas juntas com duração de pelo menos 6 semanas e com início até os 16 anos de idade. Pode levar à dor, inchaço, vermelhidão, calor, diminuição dos movimentos e deformidades. Outras partes do organismo também podem ser afetadas, como coração, olhos, músculos, tendões e pele. Pode durar anos, com períodos de remissão e atividade.

Febre Reumática
Ocorre mais frequentemente a partir de cinco anos de idade, tem origem em uma infecção de garganta causada pela bactéria estreptococo, apenas em crianças predispostas. Os sinais mais comuns são febre, fortes dores articulares e lesões de válvulas cardíacas, além do comprometimento neurológico. É considerada uma das principais causas de problemas cardíacos em jovens no Brasil. O tratamento consiste em injeções intramusculares de penicilina.

Lúpus Eritematoso Sistêmico Juvenil
É uma doença crônica relacionada a alterações do sistema de defesa do organismo (sistema imunológico). As células que deveriam defender de bactérias, vírus e outros agressores passam a não reconhecer o organismo e atacar o próprio corpo. Em geral, o lúpus evolui em surtos e todos os órgãos podem ser afetados pelo processo inflamatório — pele, rins, articulações, sistema nervoso e sangue, por exemplo. Os pacientes são avaliados e submetidos a exames laboratoriais periodicamente. O tratamento é prolongado e, algumas vezes, requer períodos de hospitalização.


Sintomas

Fique de olho nos sintomas
Quedas repentinas, tropeços dificuldades para caminhar e abandono de atividades rotineiras, como correr ou jogar bola. Aprecimento de dor constante e que não melhora com analgésicos até mesmo em repouso, incomodando o sono à noite.

Causas
Má postura e infecções na garganta além de predisposição genética.