LUCIANA DYNIEWICZ
BUENOS AIRES, ARGENTINA (FOLHAPRESS) – Apesar de não ser reconhecida por seus parceiros como presidente do Mercosul, a Venezuela realizou nesta quarta-feira (24) uma suposta reunião do bloco em Montevidéu.
Participaram do encontro no edifício-sede do Mercosul apenas os representantes da Bolívia (que ainda não é um membro pleno e, portanto, não tem direito a voto) e do Uruguai, que continua sem se posicionar em relação à possibilidade de uma liderança colegiada para o grupo.
Na terça (23), Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai haviam se reunido para discutir o comando do Mercosul, mas não chegaram a um consenso por causa da indefinição de Montevidéu.
Sem a presença dos membros-fundadores do bloco e os ignorando, o representante venezuelano, Héctor Constant, afirmou que a prioridade deste semestre será consolidar a atuação do Mercosul na área social.
O Instituto Social do Mercosul, responsável por esse trabalho, tem sede no Paraguai, justamente o país com posição mais dura em relação à Venezuela.
Caracas ainda disponibilizou no site de sua Chancelaria uma agenda de atividades até dezembro -cabe ao presidente do bloco convocar as reuniões e realizá-las em seu território. Cerca de 190 encontros estão com data definida até dezembro.
Como já ocorreu nesta quarta, Brasil, Argentina e Paraguai não deverão comparecer, e decisões não poderão ser tomadas sem o voto dos países-membros.
O impasse no Mercosul ocorre porque esses três países se opõem ao comando de Nicolás Maduro. A justificativa oficial é que Caracas não se adequou às regras de adesão.
A Presidência do Mercosul, entretanto, caberia à Venezuela devido ao sistema de rotação, no qual a liderança muda a cada seis meses seguindo a ordem alfabética. O Uruguai, que presidiu no primeiro semestre deste ano, deu por encerrado seu período à frente do bloco em julho.
A Argentina, apoiada por Brasil e Paraguai, sugeriu que o comando até dezembro seja feito de forma compartilhada pelos membros, mas o Uruguai ainda não tomou uma decisão em relação à proposta.
Na prática, o problema deve paralisar as negociações internas e externas do grupo.