GABRIEL VASCONCELOS
RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – A Justiça do Rio de Janeiro revogou, nesta segunda-feira (29), a prisão preventiva do presidente afastado do Comitê Olímpico Irlandês Patrick Hickey, 71.
Acusado de repassar ingressos da Rio-2016 para um esquema milionário de venda ilegal da THG Sports, Hickey estava preso há dez dias no complexo penitenciário de Bangu.
O habeas corpus foi concedido pelo desembargador Fernando de Almeida, da 6ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (segunda instância), a pedido dos advogados de Hickey. Esta foi a segunda investida da defesa, que já teve o pedido negado pelo Plantão Judiciário.
Apesar da decisão, o irlandês está impedido de se ausentar do país e deverá devolver o passaporte às autoridades nas próximas 24 horas.
O desembargador justificou a soltura alegando que nenhum dos crimes pelos quais Hickey responde tem pena superior a quatro anos. Também ex-executivo do COI, ele foi indiciado por marketing de emboscada (três meses a um ano de prisão ou multa), desvio de ingressos para venda a preço superior ao tabelado (dois a quatro anos de prisão) e formação de quadrilha (um a três anos de prisão).
Segundo as investigações, Hickey desviava bilhetes reservados ao Comitê Irlandês para a THG Sports, que os revendiam por até US$ 8.000 (cerca de R$ 25 mil). O esquema movimentaria mais de US$ 10 milhões (cerca de R$ 32,3 milhões). Além do irlandês, comitês de outros sete países também estão implicados.
Hickey estava hospedado com a esposa no hotel Windsor, na Barra da Tijuca, quando foi surpreendido por policiais civis na manhã da quarta-feira (17). Ele tentou se esconder em um quarto diferente do seu e sua mulher chegou a dizer que ele havia voltado para a Irlanda.
Ao ser encontrado, alegou mal estar e foi levado para o Hospital Samaritano. Liberado no dia seguinte (18), prestou depoimento sobre o caso na Cidade da Polícia e foi levado na sexta-feira (19) para a penitenciária Bangu 10.
Na sexta (26), o STJ (Superior Tribunal de Justiça) já havia determinado a liberação de outro irlandês envolvido no esquema, o diretor da empresa THG Kevin Mallon, 56. Mas ele permaneceu na cadeia por mais um dia devido à falta de tornozeleiras eletrônicas no Estado do Rio, sendo solto na noite do sábado (27), sem o equipamento.
Com Mallon, foram apreendidos 813 ingressos. Desses, 84 foram destinados ao comitê irlandês. Havia ainda bilhetes dos comitês da Letônia, Eslovênia, Chile, Paraguai, Guatemala, Panamá e Barbados, além da própria Irlanda.