Para muitas pessoas a vida é como uma corda bamba, ora assustadora e triste, ora empolgante e feliz. É que dentro de nós, de nossa mente, vive um animal selvagem, pronto para escapar a qualquer momento, e no caso das pessoas que possuem transtornos de humor isso é algo ainda mais dramático. Não à toa, entre 2008 e 2016 uma média de 16 pessoas foram internadas diariamente acometidas por essas enfermidades no Paraná.

De acordo com informações do Datasus, do Ministério da Saúde, entre 2008 e 2016 (abril) foram registradas 47.930 internações no Estado relacionados aos transtornos afetivos, que são enfermidadas que provocam uma alteração do humor, da energia (ânimo) e do jeito de sentir, pensar e se comportar, segundo definição da Associação Brasileira de Familiares, Amigos e Portadores de Transtornos Afetivos (Abrata).

Pela definição do Código Internacional de Doenças (CID-10), os transtornos de humor incluem, principalmente, a depressão unipolar e o transtorno bipolar. O primeiro, que acomete uma em cada cinco pessoas e é considerado o mal do século, caracteriza-se pelos sintomas de apatia, diminuição ou aumento do apetite, sonolência, rebaixamento da libido, medo, desesperança, irritabilidade, ansiedade, desânimo, angústia e tristeza, entre outros. Tais sintomas podem se intensificar levando o depressivo ao desenvolvimento de patologias psicossomáticas ou mesmo à morte, caso a doença não seja diagnosticada e tratada.

Já o transtorno bipolar, que afeta 4% da população brasileira, é caracterizado, como o próprio nome indica, pelas mudanças abruptas de humor entre os dois polos: fase de depressão e fase de euforia, que costuma acontecer após alguns episódios depressivos. Embora sejam desconhecidas as causas exatas do transtorno bipolar, aparentemente o fator genético é determinante, já que a hereditariedade da doença pode chegar a 70% em parentes de primeiro grau (quando a mãe, o pai ou irmãos têm o distúrbio).

Não raro, inclusive, diagnostica-se equivocadamente como depressão ou mesmo esquizofrenia os casos de bipolaridade. Dois fatores explicam isso: o primeiro é que a maioria das pessoas com perturbação bipolar busca ajuda quando se encontra na fase depressiva da doença; o segundo é que boa parte das pessoas bipolares só apresentam um episódio maníaco (ou eufórico) passados três ou mais episódios depressivos.

Acontece, porém, que o diagnóstico precoce, como em qualquer doença, é essencial. Uma pessoa com o problema, contudo, demora em média seis anos para descobrir que sofre com a doença que, embora não possa ser tratada, pode ser controlada, evitando que evolua para quadros mais graves. No Brasil, segundo a Associação Brasileira de Transtorno Bipolar (ABTB), entre 30 e 50% dos pacientes tentam o suicídios. Desses que tentam se matar, 20% acabam conseguindo o objetivo.