MARCELO NINIO, ENVIADO ESPECIAL
NOVA YORK, EUA (FOLHAPRESS) – O secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Jack Lew, irá ao Brasil na próxima semana, dentro de um giro latino-americano que inclui ainda Argentina, Colômbia e México.
Será a segunda visita oficial de Lew ao Brasil e a primeira de um membro do gabinete de Barack Obama desde a posse do presidente Michel Temer.
O secretário deve chegar a Brasília na terça (27) e ficar apenas um dia, no qual se encontrará com o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, entre outros compromissos ainda não anunciados.
Ambos os governos tem expressado desejo de reaquecer as relações bilaterais, com ênfase no comércio, depois da paralisia causada pela crise política no Brasil nos últimos meses. A pressa também se justifica pelo pouco tempo que resta ao atual governo -o mandato do presidente Barack Obama termina em janeiro.
Para a equipe econômica de Obama, as reformas anunciadas pelo governo Temer são um passo inicial positivo para a retomada do crescimento econômico e a restauração da confiança dos investidores. Após observar que o Brasil vive “sua pior recessão em mais de cem anos”, um alto funcionário do departamento do Tesouro afirmou numa conversa com jornalistas que ela se deve a erros de curso do governo anterior.
“A situação econômica do Brasil é em parte resultado do colapso nos últimos anos dos preços das commodities”, disse, pedindo para não ser identificado. “Apesar do tremendo sucesso nos últimos 15 anos na redução da pobreza e da desigualdade, a crescente intervenção do governo na economia e, em última instância, benefícios sociais insustentáveis financiados por uma carga tributária cada vez maior, causaram danos no financiamento público e na confiança dos investidores”.
Os EUA continuam sendo o país que mais aplicam no Brasil, mas a entrada de investimento americano direto no país está em queda nos últimos anos, de US$ 9 bilhões em 2013 para US$ 6,6 bilhões em 2015. Nos primeiros meses deste ano, o declínio se manteve, com um fluxo de US$ 3,2 bilhões entre janeiro e julho, segundo o Mdic (Ministério da Indústria e Comércio).
O comércio bilateral também caiu, de US$ 60,7 bilhões em 2013 para US$ 50,6 bilhões no ano passado.
Os EUA tem elogiado as medidas econômicas do governo Temer, sobretudo o ajuste fiscal e a redução da dívida. “Acho que as políticas articuladas pela Fazenda e pelo Banco Central são construtivas e, se forem implementadas, abrirão caminho para o crescimento e o investimento”, disse o funcionário.
Será a segunda vez que Lew se encontrará com Meirelles em menos de um mês, após a reunião que tiveram durante a cúpula do G-20, na China.