Um incentivo adicional para a ampliação deste segmento é a Lei Brasileira da Inclusão, que entrou em vigor em janeiro de 2016. Entre as novidades, o destaque fica para a regra que obriga as empresas a ajustarem seus sites para oferecer conteúdo acessível Isso gerou uma demanda imediata, afirma o gerente de negócios da Hand Talk, Pedro Branco.

Fundada há quatro anos, a startup oferece um aplicativo gratuito que traduz textos para a Língua Brasileira de Sinais (Libras). Ele já foi baixado quase 1 milhão de vezes. Além disso, a empresa oferece um serviço que traduz conteúdos na internet para Libras: empresas pagam para incorporar o intérprete virtual, chamado Hugo, em seus sites. Mais de 3 mil sites brasileiros já adotaram a tecnologia. A previsão da startup é faturar quatro vezes mais em 2016, em relação ao registrado no ano passado.

Finalmente as empresas estão abrindo os olhos e passando a enxergar os deficientes como consumidores, diz o diretor da Essential Accessibility, Aurélio Pimenta. A empresa canadense, fundada em 2008, também aposta no crescimento do mercado nacional. Em dois anos, investiu R$ 200 mil para trazer ao País um software que, com a câmera do computador, monitora o movimento da cabeça da pessoa, como forma de movimentar o cursor sem uso do mouse.

Apesar de promissor, o segmento ainda oferece desafios para startups. Poucos negócios de impacto social já receberam investimentos, porque muitas vezes a startup não tem um modelo de negócio escalável, diz Melhado. Em geral, os empreendedores se mantêm mais focados em aprimorar a tecnologia do que cuidar da saúde financeira do negócio.
Além disso, convencer as empresas de que é preciso investir em acessibilidade não é fácil. Poucas empresas veem a inclusão como prioridade, diz o gerente de negócios da Hand Talk.