DIOGO BERCITO
MADRI, ESPANHA (FOLHAPRESS) – Divididos entre dois bandos, os membros do PSOE (Partido Socialista Operário Espanhol) tentavam nesta quinta-feira (29) contornar a grave crise de liderança que pode levar à reestruturação do partido e possibilitar a formação do próximo governo.
Os embates foram iniciados na quarta-feira (28), quando 17 membros da direção renunciaram. A facção rebelde espera pressionar Pedro Sánchez a deixar seu cargo como secretário-geral da sigla.
Caso ele de fato seja retirado da função, o partido poderá reformar sua liderança e rever as suas posições.
Sánchez se opõe à formação de um governo liderado pelo premiê conservador Mariano Rajoy, do PP (Partido Popular). Uma mudança de rumo pode significar aprovar o governo do PP e encerrar um já longo impasse político.
Espanhóis foram às urnas em dezembro e em junho, mas em ambos os pleitos nenhum partido conseguiu os apoios necessários para governar. É possível que haja ainda uma terceira tentativa.
Nas duas eleições passadas, sob a liderança de Sánchez, o PSOE teve resultados historicamente ruins. O partido foi derrotado também em dois pleitos regionais, o que ajudou a criar a insatisfação entre seus membros.
CONGRESSO
A renúncia dos 17 diretores do PSOE empurrou o partido, no entanto, a um limbo.
O estatuto não é claro, e não está decidido se a ausência de mais de metade de sua direção significa a deposição do secretário-geral, tese sustentada pelos rebeldes.
A chamada Executiva Federal é inicialmente formada por 38 membros, dos quais agora 20 estão ausentes.
Sánchez e seus aliados insistem que não haverá mudanças imediatas no partido.
Os nomes dos membros que renunciaram foram apagados da página oficial, e seguem adiante os planos de realizar um comitê no sábado (1º) e aprovar um congresso em novembro, elegendo uma nova Executiva Federal.
O secretário-geral do partido espera deixar a decisão nas mãos dos militantes e, assim, fortalecer-se. O cenário se assemelha ao enfrentado por Jeremy Corbyn, líder trabalhista britânico.
Corbyn também teve sua liderança ameaçada por renúncias. No final de semana passado, porém, simpatizantes do partido votaram por sua manutenção no cargo.