SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O Partido Comunista da China deu ao presidente do país, Xi Jinping, o título de “líder central” nesta quinta-feira (27), colocando-o em pé de igualdade com homens fortes do passado como Mao Tse-tung e Deng Xiaoping, mas ao mesmo tempo indicou que seu poder não será absoluto.
Um longo comunicado divulgado pelo partido, após reuniões a portas fechadas durante quatro dias, com as principais autoridades em Pequim, enfatizou que o país deve preservar a importância da liderança coletiva.
O sistema de liderança coletiva “sempre deve ser seguido e não deveria ser violado por nenhuma organização ou indivíduo em nenhuma circunstância e por nenhuma razão”, disse o comunicado.
Apesar da ressalva, todos os membros do partido devem “se unir estreitamente ao redor do comitê central, com o camarada Xi Jinping em seu centro”, afirmou o documento, veiculado por meio da mídia estatal chinesa.
O anúncio foi realizado após a reunião de quase 400 altos dirigentes do comitê central, um órgão que atua como uma espécie de Parlamento dentro do Partido Comunista chinês e que se reúne todos os anos para falar da disciplina interna e, em particular, da luta contra a corrupção.
O título de “líder central” pode assinalar um fortalecimento formal significativo da posição de Xi antes do crucial congresso partidário do ano que vem, no qual um novo comitê permanente, a instância mais alta do poder na China, será constituído. No congresso, Xi tentará incluir nesse comitê tantos de seus colaboradores quanto possível.
Desde que assumiu o cargo há quase quatro anos, Xi consolidou seu poder rapidamente, o que incluiu liderar um grupo que conduziu reformas econômicas e indicar a si mesmo como comandante-em-chefe dos militares, embora já controlasse as Forças Armadas por dirigir a comissão militar central.
Embora seja chefe do partido, dos militares e do Estado, Xi ainda não havia recebido o título de “central”.
Deng cunhou o termo “líder central”. Ele disse que Mao, ele mesmo e Jiang Zemin eram líderes centrais, significando que tinham autoridade quase absoluta e não deviam ser questionados.
Resta saber se a nova posição de Xi será apenas mais um título ou se vai, de fato, cimentar sua liderança. Poderia colocá-lo sob pressão ainda maior para resolver os desafios domésticos, como uma economia em passo mais lendo e grandes demissões decorrentes do fechamento de minas, apontam analistas.
“Ainda não se sabe se ele terá a real autoridade como líder central ou se ele é poderoso apenas no nome”, disse Zhang Lifan, um historiador independente e observador político.